AUDITORIA ÀS CONTAS



Ainda recentemente, quando o Município foi notícia no jornal Público a propósito de alguns contratos, tivemos a oportunidade de ler uma resposta da autarca a uma pergunta do jornalista António Cerejo, reconhecendo que não dispunha de quaisquer dados relativos a alguns contratos.

Esta resposta é preocupante pois conduz a uma de duas decisões, ou não há controlo interno sobre a execução dos contratos ou os documentos estão mal arquivados. Isto sugere muitas dúvidas sobre o modelo de gestão interna do Município.

Mas há mais motivos que nos permitem recear que algo de errado pode suceder com o Município, quando no ano passado a autarca reconhece que surgiram dívidas cuja existência desconhecia ficámos com sérias dúvidas acerca da transparência das contas do Município. Essas dívidas apareceram sem que na autarquia existisse um documento ou sem que os funcionários que trabalham na gestão financeira do Município as desconhecessem?

Tudo isto justifica uma auditoria muito rigorosa a todas as contas do Município. Mas será que basta?
É evidente que não, mesmo que se promova uma auditoria num período temporal que tenha em consideração os prazos de prescrição previstas para determinados tipos de irregularidades, muita história da dívida do Município fica por se conhecer. Por isso não basta uma auditoria, é preciso ir mais longe para que todos os vila-realenses saibam para onde foi tanto dinheiro.

Quanto se gastou com apoios sociais e que associações foram beneficiárias? Quanto se recebeu e se devia ter recebido da ESSE? Quanto se gastou com Cuba em cirurgias, em viagens de dirigentes, na vinda de agentes cubanos para VRSA, no financiamento de instituições cubanas? Quanto se gastou em investimento público? Quanto se gastou em propaganda sob a forma de desenhos de arquitetura, filmes de promoção do concelho ou curtas-metragens para promover os autarcas?

Não basta uma auditoria, é preciso saber toda a verdade sobre a dívida do Município. Os vila-realenses, que são quem vai pagar toda a dívida, têm direito a toda a verdade e a saber quem foram os responsáveis, sem excluir ninguém.