A política não é uma área da contabilidade, não se definem
estratégias pegando nos resultados das últimas eleições e fazendo projeções com
base em somas de votos. Não se ganham eleições sugerindo que se juntam os votos
de um partido aos de outros e bastará que se elimine a base eleitoral de um
terceiro para se ter o resultado no papo.
Impor unidades e votos úteis, como se a qualidade dos
candidatos não contasse, como se os eleitores não avaliassem propostas e
candidatos e como se alguém tivesse o direito de estabelecer unidades e decidir
votos úteis é desrespeitar a inteligência dos cidadãos.
Aquilo a que temos assistido em Vila Real de Santo António é
quase um case study da incompetência. Tudo começou quando uma aliança espúria foi
o trampolim para que um grupo tivesse usado os recursos financeiros do
Município para manipular sociologicamente todo um concelho de forma a eternizar
resultados eleitorais. Para isso “compraram” muitos supostos opositores, das
mais diversas formas, e promoveram uma política de assistencialismo, beneficiando
de volumosos recursos financeiros proporcionados pelo Estado, através do IEFP.
Doze anos depois, quando surgiu uma pequena perspetiva de
alterar este estado de coisas por via eleitoral, o cinismo de alguns impôs-se e
vimos muitos responsáveis políticos locais deixar o candidato do maior partido
da oposição fazer uma campanha eleitoral boicotada pelos órgãos distritais e
nacionais do seu próprio partido. Se não tivesse sido um grupo de
independentes, esse candidato teria contado apenas com os familiares mas
próximos. Mesmo assim, o candidato conseguiu ajudar a oposição a ter o melhor
resultado eleitoral desde que a direita tomou conta do município.
Os responsáveis por esta manobra de puro cinismo político
nunca explicaram as razões porque em 2017 preferiram ajudar a candidata São
cabrita a ganhar as eleições, nunca disseram aos vila-realenses o motivo que os
levou a considerar que era melhor para Vila Real de Santo António mais quatro
anos desta gestão, dano a Luís Gomes a oportunidade de retomar o poder quatro
anos depois.
O que teria mudado em VRSA se a oposição contasse com
maioria na Assembleia Municipal, algo que certamente a oposição teria se não
tivesse ocorrido um boicote ao candidato do maior partido da oposição?
Teria mudado muita coisa e é bem provável que neste momento
os vila-realenses já poderiam estar a construir as soluções para um futuro
melhor. Mas houve gente da oposição que achou melhor adiar este sonho, por puro
calculismo político, porque acharam que se o poder não era deles então que
fosse da São e do Luís.