BRISAS EMPOLGANTES NA CM

 


Face às notícias sobre o despacho de pronúncia produzido pelo MP no quadro da Operação Triângulo importa duas notas. A primeira é que até trânsito em julgado, isto é, até se esgotarem todos os recursos, todo e qualquer arguido é tido como inocente. A segunda é que a partir do momento em que a ex-presidente da CM pediu a demissão na sequência da sua constituição como arguida passou a ser uma cidadã vila-realense sem cargos políticos ou intervenção na vida municipal, pelo que nunca será tema de qualquer post e apenas lhe desejamos que prepare a sua defesa, se o processo seguir para julgamento (antes disso ainda pode pedir o debate instrutório) e se for inocente, que essa inocência fique provada em tribunal, cabendo ao MP a produção da prova da acusação.

No caso do empresário Paulo Calvinho, que ao contrário da ex-presidente que ficou impedida de fazer qualquer contato com os funcionários da CM, pôde continuar com a sua atividade empresarial e ainda bem que assim foi. Todavia, tendo em consideração a natureza dos indícios divulgados na ocasião pela comunicação social, teria feito sentido que a CM evitasse contratações às empresas do empresário.

Isso não impediria que o empresário pudesse participar em concursos relativamente a adjudicações em que a CM adotasse este procedimento contratual. No concurso estaria salvaguardada a transparência, algo que não é garantido por uma consulta prévia e muito menos por um ajuste direto.

Lamentavelmente o executivo do nosso senhor presidente foge dos concursos como o diabo foge da cruz e apenas recorre a este tipo de procedimentos quando não encontra escapatória legal. É uma pena, porque através de concursos há um respeito pelo princípio da igualdade que nos procedimentos habitualmente adotados pela CM pode não ser assegurado.

Acontece que depois este executivo, para além de continuar a facultar instalações camarárias para servirem de armazém do empresário, no que não nos parece existir algo de criticável, fez adjudicações a uma empresa deste empresário. Como escrevemos atrás tudo seria normal se essas adjudicações tivessem resultado de concursos, mas não foi isso que sucedeu.

Uma das adjudicações tratou-se de um ajuste direto e na segunda o procedimento adotado foi o da consulta prévia, um procedimento que muitas vezes não passa de um simulacro, já que em regra há das empresas consultadas que nem respondem ou fazem propostas elevadas. Como diz o povo "à mulher de César não basta ser séria, tem de parecê-lo". Mandaria o bom sendo que os trabalhos executados resultassem de concursos e não da escolha direta ou quase direta do empresário.

Obviamente se o empresário foi consultado ou lhe foi encomendado um trabalho sem ser consultada qualquer outra empresa, limitou-se a responder. Todavia, é normal que as suas relações anteriores estavam sob investigação seria de bom senso não o consultar e muito menos fazer uma adjudicação direta. Saída a acusação por parte do MP não deixa de ser questionável esta opção por parte da CM.

Em vez de um comportamento prudente e transparente a CM assinou dois contratos, um de12.700€ (15.621€ com o IVA) de aluguer de equipamentos para a palhaçada setecentista onde o nosso senhor presidente andou armado em Marquês de Pombal e outro para “reabilitação das plataformas de lançamento do martelo, disco e arremesso de peso do Complexo Desportivo de VRSA” pelo montante de (55.370€ (68.105$10 com o IVA), o que significa que a Brisas Empolgantes, do empresário Rui Calvinho já faturou 80.726€ com o executivo do de Araújo.

Importa recordar que durante um mandato anterior o FAM produziu um relatório onde se criticava o recurso sistemático a estes procedimentos simplificados, que são alvos de suspeitas, como se pode constatar em sucessivas notícias na comunicação social de casos de corrupção ou de má gestão, designadamente, em autarquias. É estranho que o nosso senhor presidente tenha ignorado esta recomendação do FAM, mas parece que de um dia para o outro aquele fundo ficou muito molinho, mas isso será tema para um próximo post.




Mas, infelizmente, esta história não fica por aqui, Há quatro dias a CM colocou um post no Facebook anunciando que se tinham iniciado as obras de renovação da pista de atletismo, onde acrescenta que “a esta operação junta-se a requalificação da zona de lançamentos”.

Isto é, no passado mês de março a CM encomendou para a “reabilitação das plataformas de lançamento do martelo, disco e arremesso de peso, pagando 68.105,10€ e passados 7 meses anuncia a “requalificação da zona de lançamentos”.

Mas o trabalho não tinha sido adjudicado à Brisas Empolgantes do empresário Paulo Calvinho? Foi, mas acontece que quando um campeão mundial de lançamentos de pesos foi estriar a obra e não treinou porque a mesma nem tinha as medidas oficiais e num desporto onde os recordes se medem por milímetros uma pista sem as dimensões é inútil.

Enfim, mais um domínio em que graças ao nosso senhor presidente de Araújo VRSA mudou para muito melhor, como o próprio se gaba.