O que eles nos deixaram ao fim de década e meia de má gestão
e de convivências pessoais e partidárias, foi muito mais e muito pior do que
uma dívida que será paga em mais de três décadas, estando ainda por nascer os
que terão mais de 30 anos quando a CM recuperar a situação financeira que
encontraram.
A herança deles foi ainda pior, deixaram um concelho moralmente corrompido, onde muitos ficaram a pensar que é normal os autarcas darem envelopes com dinheiro ou as IPSS como a Mão Amiga distribuírem mais de 350 mil euros em donativos monetários em ano eleitoral.
A verdade nua e crua é que muita gente se vendeu e não foram apenas dos “dos bairros”, muita gente deste concelho recebeu favores dos mais variados tipos, desde empurrões em carreiras no Estado a favores dos mais diversos tipos. Ao logo de anos vimos muitos bandeados a passarem-se do PCP e do PS, por vezes famílias inteiras, como vimos políticos da oposição a bajular o LG em dias de campanha eleitoral.
Ainda hoje há quem acredite que temos políticos capazes de inventar dinheiro, de um lado prometem que voltaremos à orgia financeira do passado, do outro há quem assegure que consegue fazer mais com menos dinheiro. A lógica de algumas campanhas a que estamos a assistir vai no sentido de alimentar este processo de corrupção moral como principal instrumento eleitoral.
Uns cobram os favores do passado, os outros oferecem lugares de assessores, promoções e nomeações. São farinha do mesmo saco e usam o lamaçal ético em que transformaram o concelho, como se a democracia fosse este jogo sujo de oferta de favores e os melhores candidatos fossem os que oferecem mais.