MÃO AMIGA

 

Aquando da detenção da ex-presidente da CM, por fortes indícios criminais, foi notícia que a autarca suspeita do crime de corrupção terá justificado os dinheiros como destinados a uma IPSS. A associação da ex-autarca à Mão Amiga é feita por muita gente, sabendo-se das relações próximas entre a ex-autarca e a presidente da instituição. Uma relação que muitos defendem resultar do papel desta instituição nas vitórias eleitorais do regime e, em particular, nas eleições autárquicas de 2017.

As relações entre a CM e a Mão Amiga traduziram-se ao longo de anos na entrega de elevadas quantias a esta IPSS. No ano eleitoral de 2017 o apoio da CM ultrapassou os 350.000€, montante equivalente aos donativos monetários concedidos pela Mão Amiga, uma quantia absurda e inexplicável num ano em que a CM já estava insolvente e recusava-se a pagar as dívidas a fornecedores, ignorava os compromissos assumidos com o Estado no âmbito do PAEL e mandava à fava o acordo com o FAM. 

Mas as relações entre a CM e a IPSS não se ficavam por aqui, eram relações triangulares com o IEFP, já que a gestão da pobreza envolvia os apoios sociais do Estado, geridos por este instituo. Aliás, estas relações não se limitariam a relações formais entre instituições diferentes, já que o responsável do IEFP aparecia igualmente na Mão Amiga. 

Quando a Mão Amiga distribui centenas de milhares de euros em donativos monetários num ano eleitoral e o responsável do IEFP diz dois anos depois, numa assembleia geral que essa instituição não faz política, passando um atestado de idoneidade que ninguém lhe tinha pedido, como se alguma nuvem negra pairasse sobre a IPSS, questionamo-nos sobre a razão de vermos um dirigente do IEFP a passar atestados de idoneidade política a uma instituição que ouvia muitas críticas por parte de setores da oposição ao regime da São e do Luís. Pode um dirigente do Estado que atribui subsídios a uma instituição privada estar nos órgãos desta instituição? 

O problema é que é do conhecimento público que muitos POCS apesar de ganharem miseravelmente ainda eram vítimas de atrasos de pagamentos, situação que foi demasiado frequente e que era do conhecimento das autoridades envolvidas, já que participaram em reuniões. 

Agora que alguns vereadores da oposição estão tentando fazer investigações de processos antigos, fazemos a esses mesmos vereadores que venham um pouco mais para o presente e proponham que seja feita uma auditoria às relações entre a CM e a Mão Amiga, para apurar como eram atribuídos os donativos monetários, bem as razões para os atrasos nos pagamentos aos POCS.