CORRUPÇÃO NO MUNICÍPIO DE VRSA

 


 

A primeira dúvida que se coloca num caso de corrupção, como o que envolve a ex-autarca do PSD, fortemente indiciada por corrupção e prevaricação, é se está perante uma situação pontual ou se é muito mais do que isso, havendo nesse caso motivos para recear uma prática generalizada de comportamentos indiciadores de crimes como o peculato, a prevaricação, a corrupção ou o tráfico e influências. 

A sugestão deste tipo de práticas na CM foi feita pela própria autarca numa reunião com o dono do lote de terreno que vendeu de forma abusiva como se fossem propriedade do Município, em conjunto com os agora famosos terrenos do Vasco da Gama. Alguém gravou essa reunião o que nos permitiu saber de algumas coisas pela boca da autarca. 

Aliás, é a própria autarca que lança suspeitas sobre o líder local do PSD e agora candidato autárquico deste partido, bem como sobre Pedro Pires, o rapaz que é um funcionário da CM, ainda que haja quem diga que é mais visto a distribuir bolos do que a trabalhar para o Município que lhe paga o ordenado. Aliás, a autarca do PSD caía em desgraça começou cedo a alijar responsabilidades, já em Janeiro de 2019 dizia ao Jornal do Algarve que “quem conduziu sempre o pelouro financeiro e as grandes opções do plano foi o anterior presidente, tal como eu estou a fazer agora.” 

Mas na reunião com o proprietário do lote que vendeu abusivamente a autarca escolhida por Luís Gomes foi clara, sugerindo muita coisa a roçar o crime. Eis algumas declarações que mereceriam algumas explicações: 

«Sabe que ele [Luís Gomes] telefonou-me a dizer que “Há tenho aqui gente interessada no terreno e eu perguntei «há algum problema com o terreno?». Não, não, está tudo limpinho. Portanto, nem agora me falou neste problema, mas eu também não lhe disse nada.» 

«Hoje vêm cá com o Pedro Pires uns senhores para verem o terreno do Parque de Campismo, cujo terreno também não está bem registado, e vêm com o Pedro…» 

«Reuniões do executivo no último mandato nem uma. E qual é o meu receio agora? É que muitas vezes e por confiar, vamos lá ver, o último mandato ele praticamente nunca estava cá, então eu é que o substituía, então está a ver o que é, imagine, vinha cá o  … e eu ficaria a olhar para isto, agora eu vou ter de perguntar ao presidente, e eu dava, desculpe lá a expressão, eu dava bordoada até dizer chega…» 

«O Luís vem-me propor coisas que ele como presidente não fazia. Também sou uma traidora. Então tu como presidente não fazias isto e agora queres que eu faça, então mas como é que é isso … sem necessidade nenhuma de ele fazer estas coisas.» 

Se a ex-autarca falava assim em Fevereiro de 2019 com pessoas que mal conhecia, não hesitando em atirar as mais variadas suspeitas sobre Luís Gomes e Pedro Pires, imagine-se o que seria se contasse tudo o que sabe. 

É assim a própria São Cabrita a lançar a suspeita, levando-nos a pensar que não estamos perante um caso pontual de ilegalidade, mas sim perante uma prática generalizada e continuada.