CINFE FOZ - CONSULTA PÚBLICA - POSIÇÃO DOS MORADORES




Texto da reclamação dos moradores da zona do CINE FOZ enviada para a CM no âmbito da COnsulta Pública feita nos termos da Lei:


«Resposta à Consulta Pública Relativamente ao Projeto Urbanístico do Cine-FozComeçamos por lamentar o facto de o município ter deferido, a nosso ver ilegalmente, as obras de contenção periférica, antes mesmo da consulta pública ter iniciado. Essa circunstância constitui um desrespeito à palavra que os cidadãos têm direito por força da Lei.Verificámos, durante a consulta do processo, que, por mais de uma vez, a opinião emanada por técnicos do município não foi tida em conta, sendo mesmo contrariada pelas decisões do executivo camarário. Tal facto foi por nós estranhamente constatado, parecendo haver um menosprezo evidente do saber técnico e da experiência acumulada por estes técnicos, face a um executivo camarário constituído na sua totalidade por “marinheiros de primeira viagem”.Relativamente ao processo consultado, os moradores da zona do Cine Foz solicitam uma ponderação cuidada dos pontos que seguidamente se referem.

1. Parte do terreno insere-se na zona histórica da cidade e o projeto não contempla o que está determinado no Plano de Pormenor de Salvaguarda do Núcleo Pombalino de Vila Real de Santo António (PPSNPVRSA). Consideramos que não respeitar este plano é destruir aquilo que é a identidade da própria cidade e em particular a qualidade urbanística desta zona.

 2. Este bairro destina-se a habitação a custos controlados, caso o IHRU aprove a proposta e os fundos do PRR, de facto, sejam atribuídos. No nosso entender, esta solução não corresponde às necessidades do concelho, uma vez que apenas contempla 125 fogos. Com os 27 milhões de euros que a Câmara irá despender, poderia construir mais  fogos num terreno camarário, acudindo, assim, às reais necessidades dos residentes no concelho, razão pela qual a decisão de aprovar este projeto, neste local, não serve os interesses dos munícipes. Lamentamos, também, a falta de um estudo comparativo sobre este assunto.

3. Esta área da cidade não está, de todo, vocacionada para este tipo de propostas, mas, pelo contrário, para soluções arquitetónicas que não sejam massificadas e que, sobretudo, possam acrescentar qualidade urbana a esta área, que consideramos nobre da cidade. 

4. Quanto à isenção de taxas municipais num valor superior a  1.400.000€, não estando o projeto aprovado nem sequer apreciado junto do IHRU e também não havendo certeza da atribuição do PRR a Vila Real de Santo António até ao momento, não há certeza de que esta urbanização venha a ser um projeto a custos controlados, pelo que a decisão camarária foi precipitada e injustificada. Tão pouco podemos entender o perdão de taxas municipais tão elevadas numa Câmara endividada.

5. A proposta urbanística não dispõe de quaisquer áreas verdes públicas, nem salvaguarda uma bolsa de estacionamento público de forma a responder às necessidades vigentes no centro histórico de VRSA e nas urbanizações limítrofes.

 Para além destas questões o projeto viola as seguintes disposições legais: 

 a) A proposta não contempla espaços verdes, nem equipamentos coletivos nem o município é ressarcido pela sua não cedência através da compensação financeira, mais de 600 mil euros, por parte dos promotores. Por que motivo?

b) O projeto não cumpre o artigo 51.º do plano de pormenor de salvaguarda do núcleo pombalino  de Vila Real de Santo António.

                Pelo exposto, solicitamos a reapreciação de todo o projeto.

 

                                                                            Vila Real de Santo António, 24 de setembro de 2024

                                                                                    Um Grupo de Moradores da Zona de Cine-Foz»