Numa gravação de uma reunião entre a ex-autarca São Cabrita e o dono de um lote de terreno que ela vigarizou no já famoso negócio da venda do terreno em frente do Hotel Vasco da Gama, a senhora que agora dizem ser quase tão virtuosa como a padroeira da cidade faz duas referências ao funcionário Pedro Pires.
Na primeira referência queixou-se de que o rapaz que agora é mais visto a distribuir doçaria do que a trabalhar na CM, era um peão de brega do Luís Gomes de que se teve de livrar. Numa segunda referência nessa reunião a malograda autarca acrescentava que na próxima segunda-feira o peão de brega iria reunir-se com ela e mais dois empresários que estavam interessados nos terrenos do Parque de Campismo.
Alguém imagina um modesto funcionário da CM de Lisboa ou um pasteleiro da Rua Augusta telefonar ao presidente da edilidade da capital, dizendo-lhe que ia lá com dois empresários interessados em comprar os terrenos do Parque de Campismo de Monsanto? Se fosse num a aldeia da Líbia, mas num país europeu isto até parece anedota.
A que título uma autarca recebe empresários interessados num terreno que não está à venda. Como é que os tais empresários se lembraram de falar com o peão de brega, será que ele foi mandatado pela autarca ou pelo presidente do PSD local para andar por aí armado em vendedor imobiliário ambulante, procurando empresários interessados em comprar terrenos a bom preço na nossa terra.
Como é que esses empresários bateram à porta do pasteleiro e funcionário, quem lhes disse que os terrenos poderiam ser vendidos mesmo sem estar à venda, como é que se pode entender que uma autarca receba empresários em adquirir património sem que tenha feito qualquer anúncio de venda.
O que iam negociar se nada estava à venda? Iam informar quanto poderiam pagar por um terreno que nem tão cedo poderia ser vendido? A que título o peão de brega levava os empresários a negociar algo que nunca poderia ser vendido durante este mandato? Qual o interesse desta reunião? Quanto ganharia o peão de brega no caso de uma futura concretização do negócio.
Este incidente mostra até que ponto os nossos autarcas se sentem à vontade para este tipo de conversas em torno de património que não lhes pertence. Enfim, a que ponto chegou a pouca vergonha e bandalheira nesta terra.
PS: Com as campanhas ricas que por aí vemos, onde se chega ao ridículo de gastar fortunas em outdoors só para responder com uma piada ao outdoor do outro candidato, não é difícil de adivinhar que anda por aí muito boa gente interessada nos terrenos como os do Parque de Campismo.