Mais do que avaliar o que o 25 nos deu vale a pena questionar o que aos que confiaram o futuro em nós, o que equivale a questionar a forma como tiramos partido da democracia que jovens oficiais das Forças Armadas nos proporcionaram. Quem visita Vila Real de Santo António e lê o nome das ruas ou o nome que deram à obra do regime na praia de Monte Gordo imagina um modelo de democracia. Puro engano.
È uma terra asfixiada, onde se tem medo, onde os que criticam correm o risco de serem processados e perseguidos judicialmente, onde um deputado municipal se sente no direito de chamar “filho da puta” a quem bem entende, onde quem ouse criticar o poder ouve logo a acusação de que no passado recebeu um subsídio ou teve direito a uma qualquer licença.
A terra que no passado resistiu ao fascismo, onde o regime ditatorial nunca se sentiu à vontade apesar do peso das forças repressivas é hoje uma terra onde o medo de falar regressou. A democracia em Vila Real de Santo António está muito doente e todos sabemos quem são os responsáveis e os métodos que usam. Infelizmente a democracia pode ser manipulada e uma dívida colossal criada numa década, uma mistura de abuso, incompetência, desrespeito da lei dos acordos assinados, levaram a que a democracia tenha dado os instrumentos que foram usados para arruinar o concelho.
Não dizemos que o 25 de Abril não valeu a pena só porque meia dúzia de trastes falsearam as expectativas de várias gerações. Antes p+elo contrário, dizemos Viva o 25 de Abril renovando os votos de combate a todos os que empobrece a democracia.