OS LIMITES DA MENTIRA EM POLÍTICA



O que é uma mentira em política? Uma promessa eleitoral falhada, decisões que não constavam de um programa eleitoral mas teve que tiveram de ser adotadas face a novas circunstâncias, uma mera informação de circunstância que se revelou errada , um programa económico oculto para implementar reformas? Fala-se muito da mentira na vida política, mas não se é claro quanto ao que é mentira, o que permite a muitos políticos armarem-se em ofendidos sempre que são acusados de terem mentido.

A palavra mentira tem-se feito ouvir com alguma frequência nas reuniões da autarquia de VRSA, com a oposição a chamar a atenção para situações menos claras e a autarca a sentir-se vítima de acusações de mentirosa, mantendo mesmo um papel quase permanente de vítima ofendida. Sucedeu por exemplo, quando a autarca declarou que as obras das infraestruturas da Praia do Três Pauzinhos seriam pagas pelos concessionários dos apoios de praia. Como prova de que falava verdade invocou uma negociação de um protocolo com a APA. Mas esse protocolo não apareceu e, entretanto, surgiu uma nova versão, a obra será realizada pelos próprios concessionários. Até ao momento nada se revelou verdade, nem obra, nem protocolo, nada.

Mais recentemente e perante as pressões dos vila-realenses a nossa autarca garantiu que a obra de recuperação do jardim da marginal de Monte Gordo seriam iniciada durante o mês de março, a tempo de estarem concluídas antes do verão, algo que já tinha sido prometido em relação ao verão de 2018. Estamos no dia das mentiras e poderíamos dar a notícia do início das obras a título já que a afirmação da autarca dee trer sido um dos seus momentos de humor, a pensar no primeiro de abril.

Ouro tropeção na verdade, depois de muitas insistências da oposição a autarca divulgou as conclusões de uma auditoria que demonstrou que todas as declarações que fez no passado, acusando o executivo que antecedeu os de Luís Gomes e dela própria de serem responsáveis por uma grande parte da dívida do município eram falsas. Só que neste caso não deve ter sido brincadeira a pensar no dia das mentiras, o que nos faz pensar que em VRSA são vários os dias em que se pode mentir que ninguém pode levar a mal.

Poderíamos enumerar muitas mentiras deste e dos anteriores executivos da atual presidente, demonstrando que a mentira faz parte do discurso político dos nossos autarcas, desde a intenção de instalar um centro de interpretação do Guadiana com que enganaram Bruxelas à construção de um grande centro de cuidados continuados que ninguém viu, à semelhança de inúmeras obras grandiosas que anunciaram no passado, multiplicam-se os exemplos de mentiras.

Não seria tempo de deixar as mentiras para brincarmos no primeiro dia de cada mês de abril, passando a falar verdade e gerir de forma clara e transparente, aumentando a confiança dos vila-realenses na sua autarquia e na política?