Durante doze anos 13 anos o Luís, a São, o Barros e os seus apoiantes criaram em Vila Real de Santo António a ilusão da fartura, eram festas a toda a hora, desfiles de trajes, Carnavais com figuras pimba de dimensão nacional, discotecas da moda, unidades de saúde modelares. O concelho ganhava todos os prémios, instalava famílias da etnia cigana, gastava fortunas em fogos de artifício, aparelhagens de som dos Mendes, alojamento hoteleiro das famílias carenciadas, exibia projetos da futura Dubai à beira do Guadiana. Se somarmos os orçamentos da autarquia ao longo de treze anos, a dívida acumulada, a dívida escondida atrás do contencioso jurídico oportunista e as comportações de fundos públicos nacionais e europeus, estaremos a falar de qualquer coisa que poderá situar-se próximo dos 700 milhões de euros.
Tanto dinheiro num dos mais pequenos concelhos do país não serviu apenas para comprar cigarrinhos locais e charutos cubanos, para ajudar a enriquecer alguns empresários locais do regime que não perdiam a oportunidade para bajular o poder de forma quase pornográfica, algo que ainda o fazem, ainda que com cada vez menos entusiasmo. Esta espécie de jackpot autárquico que aquela pandilha gastou durante mais de uma década transformou gente pequena e sem grandes perspetivas de futuros em políticos poderosos, chegaram a deputados, tornaram-se gente influente, o dinheiro atraía políticos e nacionais como se fosse caca a atrair moscas durante a Feira da Praia.
No centro desta teia estava um rapazola que sentiu ter um olho em terra de cegos, com tão grande fortuna consolidou uma poderosa rede de influência pessoal. Depressa chegou a líder distrital do PSD, com este partido no governo nomeou gente próxima e obediente para instituições como a APA, não sendo de admirar que o bar de sonho tenha nascido no meio de dunas ou que na marginal de Monte Gordo se tenham, construído mamarrachos ilegais debaixo das barbas da AP, que tutela os terrenos. Mas a teia de influências não se limitou ao PSD, com as relações estranhas e duvidosas com o regime cubano, incluindo laços fortes com a Fundação José Marti, que todos sabemos o que é e para que serve, ou com outros negócios envolvendo gente próxima do PS, é bem provável que Luís Gomes e os seus tenham mais influência nos partidos da oposição com assento nos órgãos autárquicos do que os líderes locais destes partidos.
Não é de estranhar a convivência de ilustres personalidades da oposição no Jornal do Algarve, que hoje não passa de um pasquim falido e subsidiodependente ao serviço de quem manda na autarquia, a presença de um conhecido militante da oposição num jantar de solidariedade política com Luís Gomes com que o Sem Espinhas abriu esta época e onde além do ilustre funcionário público gestor dos subsídios de desemprego também esteve presente o paisagista e deputado Carlos Barros, enfim, só lá faltou a representação da esquerda conservadora.
Quase 700.000.000 de euros deram para muita coisa desde “comprar” políticos a oposição a instalar em Vila Real de Santo António funcionários do regime cubano que ninguém sabe muito bem ao que se dedicavam e que desapareceram de um dia para outro. Deu para encher os bolsos de alguns empresários locais, para pagar estudos da treta feitos por empresas de políticos, para trazer para VRSA a rede de conhecimentos de Sócrates. Para pagar centenas de milhares de euros a políticos influentes a título de honorários de advogados.
Com a teia de influência comprada com esses 700.000.000 € o que agora anda a cantar o “pobre milionário” passou de um jovem desconhecido que em má hora um Murta desastrado promoveu a político a um político influente de quem se pensa que é imune a tudo e que pode fazer o que quer que nada lhe sucede. Talvez não seja bem assim e neste momento já começou a contagem decrescente paria a queda deste anjo.
Depois de amanhã descreveremos como se transforma um político de maus recursos num gestor do poder no mundo da política deste país.