A DESINAUGURAÇÃO DO JARDIM DE MONTE GORDO



AVISO
A notícia que passamos a dar podia constar no site da autarquia mas não consta, podia ter sido escrita pelo Tiago mas não foi, diziam que aconteceu ou ia acontecer mas não aconteceu, nem sequer há o risco de ser “uma pura coincidência”, é apenas uma mentira, mas nesta terra começa a ser difícil distinguir a mentira da verdade.

Enquanto se aguarda pela celebração da chegada do cliente mil do Grand House, pela inauguração do hotel da Muralha, pelo início do funcionamento do teleférico internacional do Guadiana que ligará o Coração da Cidade à loja dos matacões de Ayamonte, pela abertura da maior unidade algarvia de cuidados continuados, pela abertura ao público do pavilhão multiúsos, pela contratação do sobrinho da São pelo Real Madrid, por um novo pôr do sol espetacular do lado da Isla Cristina, pelo concerto do Luís Gomes no Pavilhão Altice, pelas obras do hotel da cadeia, pela pintura dos exteriores do hotel junto â marginal de Monte Gordo e muitas outras benfeitorias , fenómenos e acontecimentos pelos quais estamos gratos ao Luís e a toda a família da nossa Sanita, em vez de inaugurar nova obra vamos ter de começar a desinaugurar. A primeira desinauguração foi a da  nova, maravilhosa e moderníssima frente ribeirinha de Monte Gordo.



A desinauguração começou cedo, logo de manhã já a zelosa funcionária da autarquia e devota da senhora presidente organizava a formatura dos escutas, crianças já habituadas a lidar com o lixo de Monte Gordo, depois de arregimentadas para limpar o areal. O Faustino andava atarefado a dar os últimos retoques no lixo decorativo, o Mendes instalavas os últimos cabos do equipamento de som devidamente pago por uma generosa adjudicação direta, o Leal já estava no estúdio ambulante da Rádio Mentes para um direto das Bocas no Trombone.

Não faltou a presença de todas as instituições do regime desde as velhotas da Casa da Avó à distinta madame da Manita Amiga, sem esquecer os afilhados da SGU devidamente liderados pelo administrador Renato cujo contributo para o sucesso desta obra foi indispensável. Nem o Pedro Pires da Muxama, antecessor do Renato foi esquecido e ali estava firme e hirto que nem um lombo de atum ao sol.

As autoridades não faltavam, a esposa dos  ministro das polícias que por inerência familiar é a ministra dos negócios imobiliários das frentes ribeirinhas estava a caminho, acompanhador pelo seu estribeiro Apolinário, ansiosa por chegar à terra do seu cantor predileto. O deputado Carlos Barros, um ilustre filho adotado da terra e deputado da República apresentou-se nos melhores trajes oficias, honrando o seu estatuto de convidado especial e possível sucessor da autarca.



Antes de ser descerrada a placa que imortalizará a desinauguração do jardim a presidente da autarquia demoliu a primeira pedra do mamarracho azul e agradeceu à APA a decisão de demolir tão horrendas construções. A presidente defendeu que valeu a pena ter gasto 500 mil euros nesta obra só pelo prazer da desinaugurar, dando início à sua demolição. Acrescentou que só ali não estava outro jardim novinho em folha por culpa do Largo da Forca. Explicou que enquanto esses vizinhos malditos não falarem tão bem dela como o confrade Cunha não haveria jardim novo!

A festa acabou com foguetório, cujo lançamento foi mais uma vez entregue aos funcionários do regime, que além da murteirada (não se entenda murteirada como o gesto de atirar o Murta para o ar com um foguete no rabo) também ofereceram um bolo comemorativo, elaborado pelo pasteleiro mais dedicado a adoçar a boca da presidente. Desta vez o fogo de artifício foi original já que em vez de foguetes um conhecido empresário decidiu disparar tiros para o ar.