Treze anos depois de Luís Gomes ter chegado ao poder os que hoje têm 18 anos tinham nessa época cerca de cinco, isto é, os que chegam agora à maioridade ainda estavam no infantário. Cresceram numa localidade sob a pressão da propaganda permanente e das iniciativas que tentavam passar uma imagem de fartura num concelho que aparentemente estava sempre em festa. Hoje, que começam a equacionar o seu futuro que legado receberam de uma gesta autárquica que vai no seu décimo quarto ano?
O concelho e, em particular, a sua sede apresentam maior dinamismo económico, foi capaz de ser mais atraente para os investidores do que os concelhos vizinhos ou outros que sendo mais distantes são igualmente concorrentes, oferece boas oportunidades de emprego ao jovem e em especial empregos para os que apostaram na qualificação profissional e académica, oferece possibilidades de arrendamento, permite aos nossos jovens escolher entre ficar ou partir em busca de outros mundos?
Infelizmente a única política a pensar nos jovens foi desenvolvida a pensar em votos, aliás, quase todas as políticas municipais desta década estavam centradas em negócios cujo interesse nada tinha que ver com os vila-realenses, como a venda do negócio da água ou a exploração do estacionamento. Mais do que apostar em desenvolvimento a autarquia produziu vagas sucessivas de mentiras e de propaganda que eram disfarçadas com festas e festarolas a toda a hora, criando a ilusão da fartura.
Os investimentos no desporto são anteriores a esta gente que ainda manda e muito do que se gabam, de ter feito nas escolas não passa de investimentos financiados pelos governos. Considere-se, por exemplo, o milhão de euros que a autarquia “deu” à rádio do Mendes e procure-se quanto é que a autarquia investiu na valorização dos jovens fora do sistema formal de ensino, isto é, em áreas da sua competência exclusiva.
Gastaram-se fortunas com idosos, fazendo passar a ideia de que o concelho tinha um SNS exclusivo e de fazer inveja aos outros portugueses, mas porque não fizeram o mesmo com os jovens, criando um serviço de ensino igualmente de luxo? A resposta é óbvia, os idosos não só votam como são facilmente manipuláveis, ao contrário dos jovens que não atingiram ainda a maioridade e por isso nunca contaram para as ambições de políticos como Luís Gomes, Carlos Barros, São Cabrita ou Luís Romão.
Para os jovens investiram em meia dúzia de latas de tinta de água e mandaram-nos pintar murais, como se o futuro dos jovens fosse a pintura de paredes ouse a cultura fossem murais sem grande qualidade artística. O único investimento feito foi nos que podiam votar mas que de alguma forma dependiam de subsídios ou de tratamentos, os outros foram sempre descartáveis para os nossos autarcas. Agora que a autarquia está falida já nem têm dinheiro para comprar latas de tinta de água.
O concelho está deprimido, não oferece habitação nem oportunidades de emprego, não se estimula o empreendedorismo ou a inovação, é incapaz de proporcionar habitação, não tem condições para fixar os jovens. O concelho forma e perde sucessivas gerações de jovens, ficam cá os Tiagos e os que dependem de manitas amigas. É este o preço das festas e festarolas, das visitas do castelo Branco, da cantorias do Luís Gomes. Os nossos jovens são “expulsos” enquanto um tal Sequeira que ninguém conhece recebeu o Hotel Guadiana, o radialista vende som ao preço de uma orquestra filarmónica e os Tiagos e outros levam chorudas assessorias.