O normal em democracia é que o cidadão se organize em
partidos e as eleições sirvam para que se escolha o projeto que vai de encontro
aos desejos da maioria dos cidadãos. É evidente que há exceções, nos partidos
em que se considera que uma ideologia produz o melhor programa as propostas
decorrem dessa ideologia e as pessoas propostas são aquelas que o partido
considera que são os melhores interpretes dessa mesma ideologia.
O problema surge quando por um qualquer motivo os partidos
são pervertidos e deixam de propor os melhores candidatos ou de propor as
melhores soluções. Pior ainda, pode suceder que os partidos deixem de se
preocupar com a qualidade das pessoas que propõem ou nem sequer apresentem
soluções. Esta perversão ocorre com alguma frequência, até porque a lógica
interna dos partidos resulta do equilíbrio entre as ambições dos militantes e a
busca do bem comum, quando os militantes impõem as suas ambições pessoais este
equilíbrio é destruído.
Uma das razões da crise de Vila Real de Santo António, onde
impera o silêncio e o receio, com gente a fazer ameaças em público a quem ouse
incomodar os negócios, está nos partidos, que deixaram de ser capazes de gerir
soluções. Uns estão comprometidos com o passado, outros quase desapareceram para
serem pequenas máquinas de apoio aos autarcas que elegeram, outros ainda não
conseguem superar a lógica dos clãs.
Mas a crise no concelho, caracterizada por uma situação de ruína
financeira da autarquia e por um ambiente económico de recessão quase
permanente, dificilmente será superada pela lógica dos partidos. Além disso, a
situação é tão grave que as soluções já não obedecem a uma lógica de esquerda
ou de direita. É também muito questionável se os partidos estejam apostando na
escolha dos melhores, mais honestos, mais competentes e mais capazes.
É preciso romper com o circulo vicioso do empobrecimento em
que atiraram o concelho de Vila Real de Santo António, sob pena de estar em
causa a sua própria sobrevivência. É urgente encontrar um programa com a
melhores soluções para salvar o concelho e para assegurar esperança aos mais
jovens, já que os outros dificilmente voltarão a ver a VRSA exuberante do
passado.