Qualquer avaliação do estado da democracia implica estudar a
comunicação social, porque sem uma comunicação isenta, imparcial, e
independente do poder deixa de haver denúncia e facilmente se abafa ou se
manipula a informação. EM Vila Real de Santo António é incontornável analisar o
papel que a rádio e o jornal local têm tido durante o longo consulado sombrio e
desastroso do Luís Gomes, do Carlos Barros, da São Cabrita e do Luís Romão.
Por agora prestaremos atenção à Rádio Guadiana, não só pelo
protagonismo que tem tido o seu dono nas redes sociais, mas porque temos a perceção
de que esta rádio não prescinde de ter um papel
ativo na vida política local, através das suas entrevistas ou do programa de suposto pluralismo político que transmite aos sábados, o programa que no passado já ajudou o Luís Gomes.
Qual é a independência da Rádio Guadiana em relação ao poder
local? A resposta é simples e objetiva, nenhuma. Basta ir à Base Gov e procurar
pelos negócios do contribuinte com o NIF 502126256, de que é titular a empresa Guadisom
- Sociedade de Radiodifusão do Guadiana, Lda, o resultado é uma longa lista de
serviços prestados à autarquia de VRSA (e SGU) perfazendo ao longo dos últimos
anos um total de mnais de 500.000€ mais IVA.
Não é certamente a única empresa portuguesa com sucesso nos
negócios autárquicos no nosso país, mas esta constitui um caso sui generis, são
consegue contratos em VRSA e nesta terra tem tido quase o exclusivo na sua área
de negócios. Ao longo dos últimos anos e graças às muitas festas e festarolas
em que o antes e a agora é São tanto apostaram para manter o povo feliz, a Guadison
“abichou” qualquer coisa como 507.991,18€, isto é, mais de meio milhão de euros
apenas com uma das empresas dos Mendes.
Valeu a pena a aposta feita no tempo em que o Luís Gomes era
um jovem político da oposição, uma ovelha tresmalhada do rebanho do Murta, a
aposta no Bocas no Trombone valeu a pena. Não admira que ainda recentemente
quem ouviu a entrevista do dono da estação ao cantor Luís Gomes se tenha
apercebido de que se viveu um ambiente familiar onde não faltou a chacota em
relação à oposição incómoda.
É por isso que quando ouvimos a Rádio Guadiana o melhor é
usarmos uns auscultadores especiais que nos alertem para os momentos políticos
porque é difícil acreditar no seu pluralismo ou isenção, depois de tantos
negócios com a autarquia.