MAIORIA ABSOLUTA?

 


 

O concelho de VRSA deverá ser dos poucos do país, senão mesmo o único, onde PCP, PS e PSD governaram o Município com maiorias absolutas, pelo que fazer previsões eleitorais é mais ou menos a mesma coisa que desenhar cartas astrológicas. Se uns têm estudos de opinião promissores, outros contam com a certeza de um astrólogo amador local. 

No atual quadro partidário e com as candidaturas que se apresentam muito dificilmente teremos uma maioria absoluta. A fragilidade das candidaturas do PSD e do PS, a evolução história da implantação do PCP, o emergir da extrema-direita com um resultado surpreendente nas presidências e o lançamento de uma candidatura de um grupo de cidadãos resulta numa grande incerteza quanto aos resultados. 

Enrolado num processo de corrupção da sua autarca, muto dificilmente o PSD terá os resultados de 2017. Por mais que o seu candidato o tente disfarçar, a realidade económica do concelho é a de uma economia que se baseia na subsidiodependência, nos baixos salários e na sazonalidade e a CM está arruinada. Este ciclo económico está esgotado e com ele o poder do PSD. 

Com a divisão no interior do PS e com os seus militantes excluídos das listas em favor de amigos e familiares destes dois dirigentes, dificilmente mobilizará a militância do partido, que apresenta um candidato fraco e que tem como mandatária uma segunda figura das listas da São Cabrita. Mesmo sem dispersão de votos e com uma fortuna investida em marketing o candidato teria condições para ganhar. Além disso, trás atrás de si um longo lastro à frente da Mão Amiga e do IEFP que o torna quase tóxico. 

A CDU vai a votos repetindo o candidato sendo certo que perderá votos para o CHEGA e para a candidatura independente, ao mesmo tempo que sofrerá a erosão resultante das mudanças sociais. Por outro lado, beneficiará das fragilidades do candidato do PS, que dificilmente conseguirá “roubar-lhe” votos. O resultado da CDU vai depender dos votos que perderá para as novas candidaturas. 

Apesar das tentativas feitas para o abafar em VRSA, o BE avança com uma candidatura que vem de um resultado de 5,14% de Maria Matias nas presidenciais e de 2,71% nas últimas autárquicas. É de esperar que resista eleitoralmente, apesar de o LIVRE ter sido utilizado em VRSA para o destruir. 

Apesar das tentativas de eliminação conduzidas pela clã dominante no PS, que não hesitou em criar uma matilha de perfis sujos nas redes sociais, para além de outros truques, como a oferta de empregos a eventuais simpatizantes, esta candidatura sobreviveu. Pelas suas últimas informações nas redes sociais conseguiu as mais de cinco centenas de assinaturas exigidas pela lei em poucos dias, não sendo fácil conseguir muitas mais do que as 500 assinaturas exigidas, numa terra de medo e de pressões. Com a divisão do PS, contando com apoio público de alguns dos seus militantes mais conhecidos, apresentando-se com  nomes muito fortes, como o seu mandatário e uma forte implantação nalguns freguesias e junto de alguns grupos sociais, é bem provável que remeta a candidatura de Álvaro Araújo para uma posição pouco honrosa. 

Animados pelos resultados de André Ventura nas presidenciais, alguns velhos companheiros de Luís Gomes, a que se juntaram jovens turcos cheios de ambição e convencidos de que teriam um grande futuro como militantes da extrema-direita. Certamente vão buscar alguns votos de protesto, mas dificilmente conseguirão repetir nas autárquicas os resultados das legislativas. Mas ajudam a transformar os resultados numa incógnita. 

Não havendo maioria absoluta, não se sabendo se o CHEGA consegue um vereador, com a candidatura independente em crescimento e com o candidato do PS embrulhado na redemoinho da Mão Amiga e com o escândalo de corrupção a atingir o PSD e mesmo o PS, por via das ligações duvidosas de Álvaro Araújo à Mão Amiga e das ligações do deputado do PS de Aveiro aos negócios de terrenos da São, resta saber quem disputa a vitória. 

Ainda que as cartas astrológicas locais atribuam a vitória ao candidato do partido do astrólogo amador e que estudos de opinião que terão sido feitos apontem para uma disputa final entre Luís Gomes e a candidatura independente, com o candidato do PS a disputar o terceiro lugar com o CHEGA e a CDU, o melhor é seguir a lógica da bola, fazer prognósticos só depois do jogo.