No passado o associativismo era uma forma de juntar cidadãos para promover atividades desportivas, culturais e outras, sem o controlo do poder do Estado e muitas vezes ignoradas por este. Temos no nosso país centenas de associações a a cujos dirigentes devemos vidas em prol do bem comum, sem busca de protagonismo social e sem bajulação do poder.
Nas últimas duas ou três décadas têm vindo a surgir um novo tipo de associativismo, gente em busca de promoção social criam clubes ou associações supostamente elitistas, onde só gente que quer parecer superior é admitida. Surgem assim associações dadas â beneficência, cheias de missas e sacramentos e procissões, de cerimónias iniciáticas cheias de falsas tradições.
Estas associações pouco mais fazem do que almoçaradas ou jantaradas, sempre por muito bons motivos, como a caridade e devidamente promovidas com dinheiros públicos, a que chegam facilmente porque têm a arte de integrar quem tenhas ligações ao poder. No Porto haviam os clubes privados dos ingleses ligados à produção do vinho do Porto, pelo país fora há agora muitos clubes privados só que em vez de estarem ligados ao que quer que seja, apenas estão unidos para passarem a imagem de gente fina que não são.
Para passarem a ideia de que são gente notável e de primeira classe instituem um esquema de admissão orientado para convidar pessoas que pelas funções que exercem no Estado ou empresas privadas poderão beneficiar a imagem de elite. Convidam então essas personalidades importantes, que, por sua vez, se sentem orgulhosas do seu novo estatuto e se sujeitam às palhaçadas iniciáticas.
Felizmente, nem todas estas associações oportunistas estão envolvidas nos jogos do poder, mas aqui ou acolá já vão aparecendo algumas que tendem a ser ou a ser transformadas em clubes de apoio a gente do poder, não passando de uma espécie de pequenas tropas pretorianas de gente que tem alguma dificuldade para conviver em democracia.