Na imagem uma multidão erguia os braços na saudação nazi durante o lançamento ao mar do navio-escola da armada da Alemanha Nazi. No meio da multidão um homem fica de braços cruzados recusando-se a fazer a saudação nazi. Era August Landmesser, um operário que tinha casado com uma judia e por isso tinha sido expulso do partido nazi, a que inicialmente tinha aderido. A mulher foi assassinada e August Landmesser foi mobilizado para um batalhão penal, tendo desaparecido em combate na Croácia.
Foi uma das duas filhas que sobreviveram à greve que muito mais tarde, nos anos 90 tornou pública a história de August Landmesser, uma história de coragem que certamente é motivo de orgulho para os seus descendentes, orgulho que não terão os que a troco de 30 dinheiros bajularam o nazismo, da mesma forma que por esse mundo fora há quem bajule tudo o que cheira a despotismo.
Mas como escreveu Manuel Alegre num poema que Adriano Correia de Oliveira celebrizou dando-lhe a sua voz e que Amália Rodrigues "reescreveu" sob a forma de cantar do fado de Lisboa, há sempre alguém que diz não.
… Mesmo na noite mais triste
em tempo de servidão
há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não.…
Naquele dia foi August Landmesser que num gesto singelo teve mais coragem do que muitos alemães, como noutros dias não nos faltam exemplos de coragem. É aos que se recusam a vender a sua alma e a sua terra que dedicamos este post. Porque há sempre alguém que diz não mesmo que isso signifique ser marginalizado, ofendido ou maltratado, como também há sempre que ache que está a tempo de dizer não, recusando-se a continuar uma existência de servidão.