O PREÇO DA BAZÓFIA


Aldrabas do protão da antiga Alfândega

Aberto o hotel de cinco estrelas, colocada a placa para que os vila-realenses saibam a quem devem tão bela herança (não vão dizer que é ao Luís Gomes...) e ainda que as luzes continuem apagadas, fazendo parecer que o edifício continua habitado pelos fantasmas que imaginávamos quando esteve fechado durante décadas, antes de uma cooperativa de táxis ter ocupado o rés do chão, talvez seja a hora de perguntar quanto é os que nunca irão lá dormir tiveram, de pagar por cada uma dessas cinco estrelas.

A verdade é que foi através dos investimentos da autarquia através da SGU ou de subsídios púbicos investidos em VRSA que se investiu no hotel. A ideia de que houve um investimento privado é falso, a maior parte do investimento foi público e ou foi da autarquia ou teve o seu envolvimento. Na prática o Grand House é o Hotel Guadiana que pertence à autarquia e que privados que caíram cá de paraquedas exploram a troco de uma renda simbólica, isso no pressuposto de que vão pagar mais do que a empresa do estacionamento.

Se juntarmos o valor da indemnização pelo edifício do Hotel Guadiana, algo que está por decidir em tribunal, ao investimento feito no edifício da Alfândega e o que se gastou no bar junto à Ponta da Areia, cada uma daquelas belas estrelinhas que servem para vermos um hotel de luzes apagadas, custou a módica quantia de quase um milhão de euros.

Uma fartura de dinheiro gasta numa altura em que o concelho já estava na ruína, quando a autarquia já tinha pedido ajuda ao FAM. E como se isto não bastasse tudo assenta num imbróglio jurídico, já que não é seguro que um dia destes o tribunal não venha decidir em favor das pretensões dos proprietários expropriados ou mesmo do banco que se diz ter direito â posse. 

Nem vale a pena referir a transformação de um edifício histórico, o mais nobre da vila aquando da sua fundação, numa miserável sala de refeições de um hotel, como se tivéssemos sido vítimas da invasão dos bárbaros.

Esperemos que tudo corra bem, que os tais clientes cheios de dinheiro apareçam por estas bandas, que os tribunais decidam a favor da autarquia, que todos se conformem com o destino dado ao edifício da Alfândega, que a empresa dos tais investidores com um capital de 10.000 paguem as rendas mensais, que são maiores do que aquele capital. Porque se tal não suceder o hotel volta para a posse da autarquia e lá teremos de arranjar um qualquer boy para seu gerente, talvez algum antigo sindicalista salta pocinhas, um recepcionista de hotel ou mesmo algum construtor civil falhado, se não se lembrarem de ceder a sede a uma qualquer confraria, talvez a confraria das favas com chouriço.