O princípio da igualdade é o grande alicerce do Estado
democrático de direito, é um princípio inviolável nas relações entre o Estado e
os cidadãos. É no respeito deste princípio que os concursos de admissão de
funcionários do Estado devem ser o mais transparentes possível, todos os
cidadãos têm o direito de aceder a um posto de trabalho no Estado.
A admissão de funcionários públicos com recurso a truques
para que seja o Estado a empregar os amigos, familiares ou membros do partido
em prejuízo de outros cidadãos a quem não é dado o direito de concorrer é uma
forma de corrupção ética e até nos catecismos mais conservadores é pecado.
Com o argumento da prática de princípios de gestão
empresarial privada, Os Gomez e Cirprianos criaram uma empresa municipal, onde
se tudo pode fazer sem que nem cidadãos, nem órgãos autárquicos sejam
informados ou possam saber o que se passa atrás das paredes opacas da empresa
municipal. Ninguém sabe o que faz o construtor civil falido, um sindicalista de
conserveiras e um padre na SGU, aliás, ninguém sabe o que fazem ou o que
ganham, há meses que a presidente da autarquia se recusa a dar esta informação aos
vereadores.
Acontece que depois de terem gerido a SGU como se fosse a
tasca da coxa preparam-se para integrar na CM algumas personagens do regime que
muito dificilmente teriam acedido a um cargo pago com dinheiro dos
contribuintes, como o caso de um ex-padre, militante do partido e deputado
municipal dos Ciprianos. Quais as funções que seriam melhor desempenhadas por
alguém com as habilitações de padre que não poderiam ser desempenhadas por
outro cidadão vila-realense? Ainda por cima o ex-clérigo nem sequer é da terra
e a única qualidade que se lhe conhece para além das funções eclesiásticas era
o apoio político dado ao Luiz Gomez.
Mas vejamos os argumentos da nossa São em defesa do ex-clérigo:
“Não vou especificar aqui os técnicos de teologia, a
vereadora Carla é formada, tem o mesmo curso, mas aqui está a exercer funções,
claro que não está a exercer funções de teologia, mas essencialmente aqui e se
se está a referir ao Dr. Miguel Costa, está a exercer aqui funções
essencialmente trabalha com elaboração de textos e comunicação.”
Que nos desculpe o ex-clérigo, mas esta é uma desculpa que
não lembrava ao diabo. As únicas funções que a vereadora Carla exerceu tendo
por habilitação os seus estudos religiosos, foram umas horas de aulas de
religião e moral, está a exercer funções como vereadora e tanto quanto se sabe
para concorrer ao cargo basta idade para votar, nem se é exigido que saiba ler.
Aliás, há no executivo camarário quem ainda tenha menos habilitações. Curiosamente
aquele que tem menores habilitações até fala melhor do que a presidente e,
porventura, do que o ex-clérigo.
Vamos ser honestos, o ex-clérigo está na SGU graças a tudo
menos às habilitações adquiridas no seminário. Estamos perante uma situação
inaceitável em termos éticos e nos bons tempos em que o ex-clérigo exercia
funções compatíveis com as suas habilitações não hesitaria em dizer que tal
oportunismo que lhe permitiu passar à frente dos vila-realenses mais
habilitados é um pecado, não será um pecado mortal, mas diremos que dá direito
a meio-bilhete para entrar no purgatório.
Mas, o mais divertido é que a mesma autarca que se queixa de
lhe chamarem mentirosa nas redes sociais, na mesma reunião da sessão de câmara,
do passado dia 1 de outubro, ao dizer que as funções do ex-eclesiástico era a
elaboração de textos e comunicação, quando o que consta nos documentos da
internalização são funções de ordem social. Enfim, alguém terá reparado que
confundir teologia com sociologia é o mesmo que confundi o cu com as calças.
Enfim, perdoai-lhes Senhor, porque não parece saber o que
dizem ou fazem. Na América Latina nasceu uma corrente conhecida por Teologia da
Libertação, parece que em VRSA foi introduzida uma noiva corrente religiosa, a Teologia
da Corrupção.