Há argumentos que não passam de lugares comuns no debate político, quando criticamos um governante há logo quem venha concluir de forma pesaroso que outros não fariam melhor ou que criticam muito mas não propõem soluções. Deixemos o primeiro argumento para um próximo post, onde daremos resposta a um comentário que foi feito no Facebook e concentremo-nos no segundo, que está sendo usado pelos Ciprianos.
É bom lembrar que a democracia não é escolher primeiro e decidir o que se faz depois e que a atual liderança municipal concorreu assumindo 11 compromissos perante os seus eleitores. Passados dois anos cumpriu um único, curiosamente o único compromisso que visava beneficiar uma empresa à custa dos vila-realenses, mais precisamente a ESSE, todos os outros 11 foram olimpicamente ignorados.
Poder-se-ia admitir que alguém pudesse ter-se candidatado e feito promessas desconhecendo a realidade, mas nesse caso estaríamos perante um político irresponsável, alguém que se candidata sem saber o que está fazendo. Não é esse o caso da São Cabrita, depois de três mandatos, um dos quais como vice-presidente era uma autarca sénior, conhecia a autarquia e os seus problemas, pelo que se ganhou ou como ela própria afirmou” soube ganhar”, é porque sabia ao que vinha e o seu programa não resultou de qualquer irresponsabilidade.
Tendo um programa era de esperar que o cumprisse, se não o cumpriu é porque mentiu aos seus concidadãos assumindo compromissos que não ia cumprir ou porque foi incompetente e incapaz de cumprir. Como não aconteceu nada de anormal Estamos perante dois motivos mais do que suficientes para qualquer vila-realense defender a sua demissão antes do termo do mandato desastrado. Mas aquilo que não fez não bastasse teríamos muitos e bons argumentos para que se demita ou fosse demitida com base no que fez.
Quem governa é quem teve legitimidade eleitoral e deve fazê-lo com base nos argumentos com que convenceu os cidadãos, é assim que fazem os democratas. Isso não obsta a que quem dirija os destinos de uma autarquia estimule a oposição a fazer propostas. Acontece que o PSD governa VRSA com maioria absoluta e não é obrigado a ouvir a oposição.
A verdade é que o argumento de que não apresentam alternativa é um argumento manhoso invocado precisamente por aqueles que usam o poder absoluto para não ouvir ninguém. Pior ainda, não só não ouvem como impedem qualquer auditoria e ainda negam o acesso aos documentos quando o pedido é feito nos termos da lei por cidadãos ou quando os mesmos são solicitados por deputados ou vereadores eleitos por partidos da oposição.
Em VRSA vive-se numa democracia musculada onde vereadores e deputados municipais eleitos pela oposição não passam de figuras decorativas, não são ouvidos e há uma estratégia sistemática para os calar ou impedir de opinar com base em documentos ou informações da autarquia.