GENTE REPUGNANTE


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“Alguém se queixa de estar precisando de 250€ para pagar uma conta inesperada e logo alguém se prontifica a ligar ao senhor ou à senhora presidente. A reunião fica logo agendada e quando a pessoa que estava em situação de carência abre o envelope que lhe é metido nas mãos surpreende-se, lá dentro estão 500€, o dobro do que precisava. Ao lado do presidente está alguém que logo diz “é para que saiba como o nosso(a) presidente é generoso(a)”

O episódio é fictício, faz de conta que é uma cena do filme “As horas de luz”, mas ilustra bem a imensa bondade de autarcas que usam os recursos públicos para serem generosos e poderem manter-se no poder, cobrando cada tostão do erário que dão sob a forma de votos. É um método repugnante que tem sido utilizado em VRSA.

O Luís Gomes curava toda a gente pagando tratamentos em Cuba ou nos hospitais do amigo Bacalhau, o Barros era um Mecenas da cultura, um verdadeiro Medici do Baixo Guadiana, com os milhões do euromilhões autárquico tornou-se um excêntrico da cultura, a São era a bondade em pessoa, grupos étnicos, pobres de bairros sociais e todos os que dela necessitavam batiam à porta do seu gabinete, ali encontravam sempre amparo e apoio da presidente e da manita amiga.

Aos poucos esta gente conseguiu transformar quase todas as obrigações municipais em favores que eles faziam aos seus concidadãos, a simples licença, a concessão de uma esplanada, a reparação da rua, a recolha de lixo, o abastecimento de água deixaram de ser serviços públicos financiados pelos impostos dos vila-realenses para passarem a ser resultado da generosidade dos autarcas, favores que eles faziam aos cidadãos que os elegiam e preferencialmente a esses. Só lhes faltou dizer que tudo era pago com o dinheiro deles, a a ideia era deixada no ar, como na história de ficção que contámos, como se tudo fossem envelopes onde estava dinheiro que eles tinham ido levantar nas suas contas pessoais, no Multibanco mais próximo.

Daí que sintam que quase todos os vila-realenses estão em dívida com eles e quando alguém ouse criticá-los em público aparece logo alguém a denunciar o ingrato, lembrando que o tio-avô tratou as cataratas em Cuba graças ao Luís, que a prima tinha água porque a senhora vereadora tinha dado ordens para não lhe cortar a água, que não esqueça que demos uma esplanada ao café do seu marido.

Ainda hoje há velhacos que se sentem no direito de denunciar alguém que ouse fazer valer o direito constitucional à liberdade de expressão só porque trabalhou na câmara, como se ser funcionário público em Portugal devesse ser razão de fidelidade a um qualquer político, uma fidelidade canina e vitalícia. Esta gente não hesita em ofender e humilhar em público, estes velhacos parece terem uma lista de todos os que no passado beneficiaram de qualquer ajuda camarária ou que fizeram uso de qualquer direito de cidadania. Quem os  ouse criticar é admoestado e humilhado, denunciado como afilhado ou mal agradecido.

É preciso dizer a estes velhacos que não são os cidadãos de VRSA que estão em dívida com eles ou que beneficiaram das centenas de  milhões, mas sim os velhacos que durante mais de uma década se têm enchido à custa do concelho.