Monte Gordo
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Cacela
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VRSA
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Concelho
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2015
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2019
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2015
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2019
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2015
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2019
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2015
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2019
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18,73% 253
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15,54% 155
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7,75% 131
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7,80% 110
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13,91% 717
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13,63% 590
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13,43% 1101
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12,56% 855
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Quem visite o comentário de José Cruz fica com a impressão de que tudo correu bem, no melhor estilo do seu partido, o líder local do PCP tira algumas conclusões interessantes:
“Vila Real de Santo António foi um dos concelhos onde o PS
teve mais de 40% dos votos e o PSD menos de 20 %, onde o PAN obteve mais votos
que o CDS, o BE mais que a CDU, o CDS menos de 3%, onde houve mais votos em
branco, segundo se deduz num trabalho sobre as eleições de 6 de Outubro de
2019, publicado no jornal Público.”
Mas esqueceu-se do mais importante, que o seu partido sofreu
uma pesada derrota, só superada pelo PSD da São, do Luís e do Cigarrinho. A
verdade é que o PCP entre 2015 e 2019 perdeu 246 votos, isto é, perdeu 22,34%
dos seus eleitores, num quadro que deveria ser-lhe favorável. Em VRSA o governo
foi fortemente atacado a propósito da EN125 e ao nível local o PCP desencadeou
uma poderosa campanha a propósito da famosa rua das conserveiras. Em Monte
Gordo, a terra de muitas das conserveiras e antigo bastião do PCP este partido está
reduzido a uma expressão mínima, com uma perda de 38,74% dos seus eleitores. Um
falso alento veio da freguesia de V.N. Cacela, onde subiu 0,05% em termos
percentuais, mas perdendo 21 dos seus 131 eleitores.
A sorte do PCP de VRSA é que em termos regionais os seus
responsáveis até poderão cantar vitória já que em todo o distrito de Faro as
perdas do PCP foram ainda maiores, tendo perdido mais de um quarto dos seus
eleitores, 26,36%, ainda que em termos locais as condições eram bem mais
favoráveis, não só pela queda que o PSD sofreu e que não foi compensada por um
aumento de votos do PS. Para além das campanhas negras lançadas pelo PCP a
propósito da rua das conserveiras e pelo PSD por causa da EN129 e do apoio que
o candidato autárquico do PSD recebeu nas redes sociais da direita e na
comunicação social local, com destaque para a Rádio Guadiana onde o radialista Mendes
apadrinhou a candidatura autárquica lançada com antecipação, no que se seguiu
um conhecido comerciante local do fast food.
O deputado municipal José Cruz tem muitos anos de
responsabilidades como dirigente local do PCP, por ele passou a história local
depois do PCP, esteve envolvido em muitas situações, como o apoio do PCP à
primeira maioria de Luís Gomes e muitas outras coisas mais ou menos estranhas,
como a presença cubana em VRSA financiada pelo dinheiro dos vila-realenses. É
uma pena que em vez de se dedicar a procurar indicadores originais, não se
dedique a explicar publicamente o que mais importará aos militantes e eleitores
do seu partido, como foi possível que em condições tão favoráveis o partido tenha
encolhido quase um quarto numa única legislatura?
Quando será que o PCP local analisa o que lhe aconteceu em
VRSA, uma terra que foi um dos seus principais bastiões fora do Baixo Alentejo e
da famosa cintura industrial de Lisboa? Recorde-se que tudo sucedeu com o apoio
do PCP à ascensão do Luís Gomes, um autarca que depois comprou a simpatia de
Cuba e o silêncio dos seus apoiantes locais, ao mesmo que ia comprando famílias
inteiras de militantes do PCP. Quando será que os dirigentes locais do PCP
assumem as responsabilidades pelo apoio que deram a Luís Gomes e por aquilo que
sucedeu aqui ao seu próprio partido?
Os eventuais custos eleitorais resultantes do apoio à geringonça poderá merecer
o elogio ao nível nacional, mas não explica nem pode encobrir o que tem sucedido
em Vila Real de Santo António.