Ainda que a tendência histórica dos resultados eleitorais do
PCP apontem para uma queda, nalguns concelhos a queda foi mais simbólica, não
apenas por causa da redução acentuada de votos mas também pelo simbolismo que algumas
terras do país tinham. Durante anos VRSA foi um dos concelhos com maior votação
no PCP e quem se lembra dessa época sabe do peso deste partido entre os
pescadores de Monte Gordo.
Poderão ser adiantadas algumas explicações sociológicas para
este fenómeno, como o fim da indústria conserveira, mas não é porque deixam de
haver conserveira que um sindicalista das conserveiras de muda para o PSD ou
um candidato a presidente da autarquia se transforma num dos maiores devotos do
agora cantor que usa botinhas brancas.
Se podemos dizer que o Murta foi uma espécie de pai político
do Luiz Gomez, cabendo-lhe a responsabilidade da criação do monstrinho, algo
que depois acabou por pagar com língua de palmo, a verdade é que foi o PCP a
apadrinhar a ascensão daquele que haveria de arruinar a nossa terra. A troco de
um lugar de vereador e de do pelouro do turismo, mercados e feiras o PCP apoiou
a ascensão daquele que se revelou um desastre.
O PCP tardou 14 meses a reagir e perante o desastre evidente
a concelhia de VRSA emitiu um comunicado, com base no qual os responsáveis
distritais retiraram a confiança política ao então vereador João Rodrigues.
Recorde-se que na ocasião o ex-vereador ainda afirmou a sua lealdade o PCP,
assegurando que não haveria unanimidade no PCP de VRSA e teve de ser a DORAL a
substituir-se à concelhia.
A verdade é que apesar destes arrufos por parte do PCP a
oposição que foi feita a Luís Gomes foi pouco mais do que mole, até porque o
ex-autarca foi suficientemente manhoso para se tornar-se quase num herói para
Cuba, o país que é apresentado como o modelo de Terra Prometida do PCP. Ainda
hoje essa oposição às vezes mais parece uma oposição à oposição, designadamente
na Assembleia Municipal, onde por vezes não se percebe bem quem apoia e quem se
opõe à São. Curiosamente parece que há dois PCP, o do executivo onde há uma postura de oposição e o da AM onde se faz oposição à oposição.
A verdade é que a liderança local do PCP conduziu este partido a uma expressão
mínima, quase desapareceu de Monte Gordo e nas últimas eleições legislativas perdeu
quase um quarto dos seus eleitores. Os responsáveis locais do PCP podem muito
bem manter-se firmes e hirtos na sua estratégia, mas ao não abordarem este
problema, comportando-se como uma avestruz, estão levando o seu partido à
extinção numa terra que no passado foi um bastião.
É tempo de em VRSA se perceber quem está contra o Luiz e a
São e quem está a favor ou se limita a fazer de conta que está contra.