TURISMO DE EXCELÊNCIA



Não é indiferente para os cidadãos de uma região o tipo de turismo que se promove ou o género de investidores que se atraem. Não é a mesma coisa um hotel que valoriza e paga bem aos quadros, mesmo que seja de três ou quatro estrelas ou um hotel que supostamente é de luxo por apresentar cinco estrelas onde se paga mal, os trabalhadores recebem os ordenados em atraso ou onde os empregos são precários.

Aquilo a que temos assistido em VRSA revela uma total falta de critério e um bom exemplo disso é o Hotel Guadiana. A investiu, empenhou-se com fundos, muito provavelmente cometeu uma fraude na obtenção de subsídios, tudo para dar a alguém um hotel com trinta camas. Quanto é que esse hotel já pagou em rendas e impostos? Quantos trabalhadores estão estáveis e a quantos já rescindiram os contratos, já alguém viu um cliente do Grand House gastar um tostão fora do hotel?

Não basta trazer hotéis, é preciso avaliar os custos e benefícios do que se investe, com uma autarquia falida que gastou o que tinha e o que não tinha com o Hotel Guadiana, qual foi o retorno desse investimento para o concelho? A resposta é quase zero, isto é, alguém terá ganho um hotel sem ter investido, sem se ter dado ao trabalho de comprar edifícios, levando tudo de mão beijada e sem qualquer discussão de preços.

Do ponto de vista do desenvolvimento local este investimento é um logro que suscita muitas dúvidas, aliás, as dúvidas são tantas que algumas até poderiam merecer a atenção da justiça. Neste investimento a autarquia pretendia mesmo promover desenvolvimento? Se assim é, porque motivo todo o processo se desenrola em opacidade?

Com hotéis de cinco estrelas ou apenas com apartamentos alugados, a verdade é que o desenvolvimento turístico do concelho não gera a riqueza local que deveria gerar e é muito provável que a riqueza gerada pelos chamados alojamentos locais. Aí a quase totalidade das receitas geradas ficam no concelho, ao contrário do que sucede com a generalidade dos hotéis. E quanto ao perfil dos clientes é bem provável que os do alojamento locais tenham mais recursos e gastem mais do que o cliente típico dos hotéis, que compra através de agências de viagens.

É importante repensar o papel da autarquia na promoção turística e lamenta-se que depois de mais de uma década em, que se apostou no desporto, pouco ou nada tenha sido feito. Pior ainda, deixou-se degradar o equipamento desportivo e ainda lhe roubaram algumas das melhores instalações para promover os cubanos e os negócios dos amigos Bacalhau.