VRSA perdeu população, de 16.870 eleitores inscritos em 2015
passou para 16.733 eleitores. Este é um dado lateral mas importante pois revela
uma redução da população adulta que não se pode explicar apenas por uma eventual
baixa da taxa de natalidade. Tanto a diminuição dos eleitores como a baixa taxa
de natalidade mostram ou têm como consequência a decadência do regime. De nada
serviu o dinheiro mal gasto e são números que destroem a bazófia dos que
arruinaram e continuam a arruinar VRSA.
O aumento da taxa de abstenção, que passou de 51,01% para
59,33% poderá ter sido um dos maiores aumentos registados no país o que só pode
ser explicado por razões locais. Se considerarmos a quase ausência de
investimento público na região e o isolamento crescente em consequência da degradação
das infraestruturas de transportes concluímos que há razões para isso. Mas já
existiam em 2015 e, portanto, não explicam a quebra brutal de votos. As razões
são locais e todos sabemos quais são.
Ninguém ganhou as eleições em VRSA apesar das alterações
percentuais significativas. O PS aumentou de 34,38% mas a verdade é que perdeu 90
votos Os mais derrotados foram claramente o PSD, mas a verdade é que em VRSA o
PCP foi particularmente penalizado e sem que possa justificar-se com o
crescimento do BE, já que este partido também perdeu em votos e em percentagem,
contrariando os dados nacionais.
O PCP (pedimos desculpas à CDU mas a verdade é que em VRSA
não existe nem nunca existiu PEV, pelo que este partidos teria meia dúzia de
votos se concorresse sozinho) perdeu 246 votos e desceu em percentagem. O BE,
de quem seria de esperar mais, o que se verificou em Monte Gordo, desceu de
15,05% para 13,24%, tendo perdido 333 votos, isto é, 30% dos seus eleitores de
2015 votaram noutros partidos ou optaram pela abstenção. No PCP esta quebra foi
inferior, mas com uma perda de 22% dos seus eleitores não estamos perante uma
perda que em termos eleitorais tem de ser considerada brutal.
Ninguém ganhou as eleições em VRSA, uns perderam e entre
estes o PSD ultrapassou todos os limites, o que não pode ser motivo de festa
para um PCP que perde um quinto dos eleitores ou para o BE que perde uma quarta
parte dos que nele confiaram em 2015. O PS deve guardar os foguetes para outras
eleições pois teve uma vitória de Pirro, aumentou a sua percentagem de votos,
mas não deixou de ver partirem 3% dos seus eleitores.
É óbvio que as razões não são de ordem nacional, até porque em
VRSA foram feitas campanhas negras contra o Governo da República, que mereceram
até a adesão de muitos que viram nesta fantochada um momento de Iluminismo.
Seria de esperar que o PSD tivesse conseguido disfarçar alguma miséria local
com o desprezo a que a região tem sido votada. E com o PS a centrar a sua
campanha em personagens tristes e miseráveis como o Apolinário, nem teria sido
difícil. Numa terra onde este idiota esteve para inaugurar a reparação de um
cais e inaugurar uma obre em curso num farolim era fácil fazer campanha contra
o PS.
Neste quadro o PCP tinha todas as condições para aumentar a
sua votação, escondendo o Zé Cruz e exibindo o moderno Álvaro Leal, com o forte
apoio radiofónico do Mendes, Udo parecia fácil para que o PCP conseguisse o “reforço
da CDU”. EM poucas localidades do país estariam reunidas tão boas condições?
Mas porque perdeu o PCP? A resposta é óbvia, em VRSA o PCP não se consegue
livrar da peçonha da sua relação estranha com o Luís Gomes e a sua sucessora, a
história do Cigarrinho ficou mal contada e o papel do PCP nos negócios com Cuba
ainda é um mistério.
É óbvio que acabou o ciclo político do PSD e que isso vai
ser confirmado nas próximas autárquicas. Mas também é óbvio que os partidos da
oposição terão muito que fazer se quiserem livrar o concelho da incompetência,
do abuso, do oportunismo, dos avençados, dos construtores civis arruinados, dos
radialistas das adjudicações fáceis e de muitos outros que nos destruíram o
concelho.