CORRUPÇÃO

 


Ontem, 9 de dezembro, foi o dia escolhido pela ONU para ser o Dia internacional contra a corrupção. Dando força a uma luta que deve ser de todos os dias e todos os domínios em que se entende existir corrupção. Se nos países desenvolvidos este combate é em maior ou menor grau conduzido pelas autoridades e pela sociedade civil, em muitos países do mundo a corrupção ainda domina o Estado e a sociedade. 

Mas o que é a corrupção? 

No nosso debate político reduz-se muito o conceito de corrupção ao articulado do Código Penal, não admirando que muitos políticos apanhados em situações socialmente condenáveis invoquem a lei, como se o conceito de ética e de corrupção resultasse do Código Penal. 

Um exemplo, um político que luta por ser eleito promete a um jovem um grande emprego na autarquia a dois anos de eleições está ou não a corromper a sociedade? Certamente não está a fazer nada que constitua um crime, mas está a corromper um jovem prometendo um emprego pago com recursos públicos e sem qualquer concurso honesto a troco de uma compensação, de um apoio eleitoral que se limitará a um voto e a uma ida a uma arruada? 

Outro exemplo, um candidato eleito por um partido e em representação desse partido apoia uma coligação. Mas quando o seu partido recusa continuar a apoiar a coligação o seu representante que em sua representação estava no executivo bandeia-se e passa a apoiar o outro partido. Com isso nunca mais precisou de “trabalhar”, levou uma vida faustosa de avença em avença ao longo de mais de uma década. É evidente que  mudar de partido não é ser corrupto, mas se essa mudança foi “um negócio” é óbvio que podemos ter razões para recear que estaremos perante um caso de corrupção moral. 

Há muitos comportamentos não é corrupção, mas num sentido mais amplo é uma forma de corromper a democracia e nesse sentido mais ético estamos perante um comportamento corrupto. Por vezes só vemos a corrupção nos grandes casos mediáticos, mas desvalorizamos a corrupção moral de uma sociedade e não raras vezes é essa corrupção a que não damos valor que acaba por criar condições para que a outra cresça com mais facilidade.