O mais elementar princípio da democracia é a liberdade de expressão, de organização e de participação na vida democrática. O que distingue os democratas dos fascistas e de todas as outras formas de totalitarismo é precisamente a aceitação de uma luta política sem que uns possam eliminar os direitos dos outros.
Vem isto a propósito da forma como alguns políticos locais,
que se gostam de afirmar como democratas exemplares, se têm comportando,
merecendo a condenação coletiva e sendo eleitos por um partido democrático com
as tradições do PS, há muito que deveriam ter pedido a demissão de todos os
cargos políticos.
Quando um grupo de vila-realenses decidiu fazer contactos para aferir da disponibilidade de outras pessoas para lançarem uma candidatura autárquica, foram a Cacela conversar com um conhecido cacelense. Horas depois alguém informou o senhor Rui Setúbal do encontro e a reação foi digna de alguém sem quaisquer valores democráticos.
De imediato o verdadeiro líder político do que resta do PS de VRSA dirigiu-se ao seu grupo secreto a que designa por “grupo de reflexão”, com uma mensagem que diz tudo sobre os seus valores “democráticos”:
“Aproveito para informar que as movimentações políticas por parte do Marcelo Jerónimo e da sua equipa com coordenação externa já começaram. Decorreu ontem um encontro (dia 18/12 [de 2019] em Cacela, por parte desse senhor e dos seus mentores estamos conversados quanto aos princípios de unidade e de responsabilidade com o objetivo comum de “correr com esta gente”. Abraço”
Isto é, o senhor Rui Setúbal sente-se no direito de ser o novo Baía destes tempos, cabendo a ele decidir quem é que em democracia tem direito ao exercício dos valores constitucionais. Mas para ele não basta calar, o contabilista que mudou as empresas para debaixo das saias do Gomes, em Lisboa, sente-se no direito de decidir e com poderes para “correr com esta gente.
Mas a este “democrata de uma vida”, como o designam os araujianos anónimos , vai mais longe. Pega na mensagem que mandou ao seu grupo privativo e decide fazer uma provocação, enviando-a “por engano” a uma das pessoas que teve a ousadia de ir a Cacela falar com um amigo. Não resistiu à tentação de lhe dizer que a sua rede de informadores o tinham “apanhado”. Pior ainda, quando se cruzou pessoalmente com a pessoa que de forma tão baixa tentou calar, ainda se deu ao luxo de gozar, dizendo que tinha “fotografias pornográficas” do encontro. Vergonhoso, é de ir ao vómito ver o ilustre deputado municipal do PS comportar-se de uma forma que faria o antigo chefe da PIDE, o Baías, ficar com o rosto vermelho de vergonha.
Mas se lermos bem, a mensagem a coisa fica ainda mais grave, ficamos a saber que o senhor Rui Setúbal dirige um um grupo secreto onde há regras de conduta, já que invoca um “princípio de unidade e responsabilidade”, que parece obrigá-los a obedecer ao senhor Rui Setúbal que invoca esse princípio para mandar os outros correr com aqueles que ele acha que devem, ser excluídos da democracia.
Acontece que o senhor Rui Setúbal não é apenas um contabilista que se mudou para a Av. da Liberdade, é também alguém que parece ter conduzido o processo de designação do candidato do seu clã às autárquicas e todos sabemos que no PS é ele que manda e que todos os outros não passam de charabanecos.
Quando vemos a candidatura autárquica usar o lema do PS vêm-nos à memória uma expressão muitas vezes utilizada: vícios privados, virtudes públicas. Será que para o candidato do PS todos contam, ou contam apenas aqueles que o senhor Rui Setúbal acha que estão por ele autorizados a contar?
Enfim, há aqui gente que envergonha a democracia e não hesita
em emporcalhar a história de um partido democrático.