A transparência na gestão da coisa pública não é uma mera questão de estilo de quem foi eleito para um cargo público, pode ser mesmo uma questão de legalidade, mas, acima de tudo, é uma questão fundamental da democracia. Quando um titular de um cargo público para o qual foi eleito esconde a realidade dos cidadãos que o elegeram está com receio de que os seus atos de gestão p+possam ser escrutinados pelos eleitores.
Sem escrutínio público estão reunidas as condições parta que as instituições do Estado sejam mal geridas, senão mesmo para serem geridas com incompetência e até de forma corrupta. O fato de as instituições estarem sujeitas a auditorias ou a verificações de contas não dispensa a transparência. Essas auditorias também não garantem o respeito da legalidade, até porque na maior parte dos casos essas auditorias têm um caráter superficial.
Mas, por mais auditada que uma entidade tenha sido isso não retira aos cidadãos de conhecerem o que se passa, de questionar os governantes sobre as suas opções ou pelas razões que motivaram esta ou aquela decisão. Se alguém gere bem e com honestidade uma instituição não tem qualquer interesse em esconder a realidade dos seus concidadãos.
Quando um governante se recusa a fornecer os dados, quando tudo faz para impedir à oposição o exercício de direitos consignados na lei, é porque se receia que a realidade seja do conhecimento público. Isso significa que há muito para esconder e se receia que se conheça a verdade.
A transparência simboliza a democracia e a honestidade, a opacidade está associada à incompetência e, não raras vezes, esconde falta de honestidade. Talvez seja repetitivo exigir valores como a transparência, a honestidade ou a competência, mas por mais que isso incomode alguns não nos cansaremos de o fazer.