Cento e setenta milhões de dívida, mais a dívida que ainda faltará apurar ou a que está disfarçada nos tribunais, a que se acresce as despesas realizadas e que tiveram a cobertura de receitas, são muitos milhões, muito mais do que duas centena de milhões de euros. Não basta o aluguer de algumas colunas de som, ajudas de custos e cabazes de Natal avenças e passeios a Cuba, para explicar para onde foi tanto dinheiro.
Basta lembrar projetos como a Dubai do Baixo Guadiana, o resort de luxo da Manta Rota onde a Odebrecht, as ideias do cluster do mar ou o projeto do hotel da muralha para se perceber que a ideia não era procurar investidores com anúncios em jornais. Tudo isto tinha uma dimensão quase internacional, envolvendo necessariamente relações mais poderosas do que as que trouxeram o Grupo Pestana ou que levaram, um modesto empresário individual com 15.000 € de capital a instalar-se no Grande Hotel Guadiana.
Todos sabemos das relações do PSD local com aquele que presidiu à Comissão de Honra de Rui Rio e agora vice-presidente do PSD Nuno Morais Sarmento, é público que este político é também advogado e quanto ganhou o seu escritório com adjudicações diretas da autarquia. O eventual apoio político de Morais Sarmento a uma militante que é autarca e deu apoio à candidatura de Rui Rio pode ser útil num país onde toda a gente se conhece.
Mas este complexa meada não envolve apenas pontas que nos levam a personalidades do PSD, que poderão ser de grande importância para, por exemplo, ajudar Carlos Barros a continuar no Parlamento a seguir às próximas eleições. Não terá sido Nuno Morais Sarmento apresentar os nossos autarcas à Obedrecht. É bem mais provável que tenha sido alguém próximo do PS e eram conhecidas as relações de Sócrates com o outro lado do Atlântico. Aliás, Sócrates apressou-se a apoiar o mega projeto quando era primeiro-ministro.
O hotel da Muralha, projeto muito duvidoso que entretanto foi abandonado, era para ser construído com o apoio da DOCAPESCA. E quem era o presidente da DOCAPESCA durante o crescimento deste projeto? Por coincidência Passos Coelho escolheu um algarvio do PS, José Apolinário, para presidir à Docapesca.
Não deixa de ser curioso que ainda recentemente José Apolinário criticou um militante local do PS ao mesmo tempo que quase elogiava op ex-presidente da autarquia do tempo em que era líder na DOCAPESCA. Entretanto, José Apolinário chegou a secretário de Estado com Ana Paula Vitorino, que, por mais uma feliz coincidência, parece ser uma admiradora do líder local do PSD.
Mais à esquerda seria interessante perceber se os muitos euros que foram enviados de VRSA não terão tido consequências políticas, para além das locais.
Mais de 200 milhões de euros foi um verdadeiro jackpot do Euromilhões que beneficiou muita gente.