O FAM E A DEMOCRACIA



A forma como o FAM ignora a democracia na autarquia de Vila Real de Santo António faz pensar que os seus "rapazolas", alguns deles criados e educados como bois nos corredores governamentais de Passos Coelho, confundem a nossa autarquia como uma uma mera mercearia ali ao lado do Joaquim Gomes, um excelente local para repastos astronómicos bem digeridos.

Parece que para o FAM não há órgãos autárquicos e usando o poder que tem sobre uma liderança autárquica afogada em dívidas comporta-se como se fossem donos da mercearia, confundindo autarcas com moços de recados. O desrespeito do FAM pelos órgãos autárquicos chega ao desplante de num relatório oficial condicionar a usa ajuda à nomeação de um interlocutor do FAM na autarquia, agora temos um interlocutor do FAM na Câmara Municipal que é de Borba! Quem o escolheu e com base em que critérios? É um contabilista da confiança da presidente da autarquia ou do FAM?

Até à data o FAM ignorou os órgãos autárquicos, desde 2015 que reúne com os presidentes da autarquia, ignorando o executivo e a Assembleia Municipal, como se um presidente da CM fosse o representante exclusivo do município. Tudo é negociado em segredo como se só existisse a presidente da autarquia. A oposição só sabe das “ordens” do FAM quando a presidente diz que “o FAM mandou”. O espectáculo cómico chega ao ponto de a mesma presidente apresentar as medidas impostas sob chantagem como brilhantes ideias que teve depois de um ano de reflexão. Tudo isto é uma ópera bufa com maestros vindos da capital e um chefe de orquestra residente em Borba, até parece que há quem pense que somos uma terra de imbecis.

Incomodados porque ao fim de três anos de abuso começam a ouvir críticas ou porque têm consciência de que a sua negligência teve como consequência um município ainda mais arruinado e financeiramente inviável, decidiram ter um momento de generosidade, a oposição foi informada de que o FAM iria estar representado na Assembleia Municipal para esclarecer dúvidas. Três anos depois perceberam que há uma autarquia,mas só o perceberam porque o FAM já tem graves responsabilidade no estado a que as coisas chegaram e agora convém respeitar a oposição ou, pelo menos, fazer um simulacro disso.

Isto é, o FAM manda, negoceia, dá ordens manda relatórios, impõe, aceita, tudo em privado e apenas com quem a presidente entende dever estar presente e ao fim de três anos de PAM e com a autarquia num estado mais calamitoso graças à sua vista grossa, digna-se agora ir tirar dúvidas à oposição. Quais dúvidas?

Que se saiba são muitas as certezas e nenhumas as dúvidas. É uma certeza de que em ano eleitoral a autarquia afundou-se enquanto o FAM assobiou para o ar vendo o dinheiro a ser gasto de forma eleitoralista. É uma certeza que o FAM esperou até maio para que a autarquia lhe enviasse os dados relativos a 2017. É uma certeza que o FAM nunca ouviu nem se deu ao trabalho de perguntar o que pensava a oposição. É uma certeza que o FAM não cumpre com o que determina o seu próprio estatuto no caso de violação do PAM. É o próprio FAM que assume no seu relatório que a autarquia não cumpre leis fundamentais do regime de aquisições e de pagamento, tudo debaixo das suas próprias barbas. Quem disse ao FAM que a oposição tinha dúvidas?

O FAM acha que mandar uns técnicos a uma Assembleia Municipal com dezenas de pontos para discutir para ouvir as dúvidas da oposição é uma forma digna de se comportar em democracia? Acha normal que os deputados da oposição coloquem as suas dúvidas numa reunião gerida por um presidente da maioria que decide as regras de jogo como entende para fintar a oposição, sujeitando-se a piadas off ou a maus olhados de gente apoiante da maioria? Acha democrático ouvir a presidente da autarquia em exclusivo durante três anos e agora dar meia dúzia de minutos à oposição que representa mais de metade dos votos dos cidadãos de Vila Real de Santo António? O FAM acha norma que a oposição saiba desta encenação através de um “recado” dado pela maioria?

O FAM está preocupado com a democracia ou depois de anos de condescendência e percebendo que a sua vista grossa ajudou o concelho a ficar ainda mais arruinado está agora a montar uma encenação para limpar a sua própria imagem? Estão preocupados com os vila-realenses com com as consequências da sua atuação?