APOIAR O ASSOCIATIVISMO?



Havendo recursos financeiros faz sentido apoiar o associativismo, mas mesmo num cenário de fartura e mesmo de esbanjamento antes da questão do associativismo coloca-se a questão das políticas desportiva, cultural, para a juventude ou para a terceira idade. Se os recursos são escassos ainda faz mais sentido abordar o problema do financiamento nesta perspetiva. Muito provavelmente os recursos são tão escassos que mal dão para manter as infraestruturas.

O que não faz sentido é não ter qualquer política, usar os recursos em função de objetivos eleitorais ou olhando à cara dos seus líderes e em função da proximidade partidária. Atuar desta forma equivale a atirar vila-realenses contra vila-realenses, os de Cacela contra os de Monte Gordo, os jovens que querem uma aposta no desporto com aqueles que sendo toxicodependentes acrescentaram à sua dependência a do dinheiro camarário, os do Lusitano aos do ANG, as associações culturais contra as associações desportivas.

Antes de andar a distribuir dinheiro, levar o pessoal à Casa dos segredos, pagar ao famoso cantor Luís Gomes para bailaricos ou muitas das outras formas de esbanjar dinheiro que todos conhecemos, ter-se-á de decidir previamente o que se gasta em cada política. Quanto se vai dedicar ao desporto, quanto se investe na cultura, como se deverão ser apoiados os toxicodependentes, quanto se deverá gastar com os mais idosos.

É óbvio que nestas contas deve ter-se em consideração o custo das instalações, dos transportes, do apoio médico e todos os custos que podem ser imputados a cada atividade e modalidade. Também é óbvio que não se pode pensar que se deve gastar o mesmo com um jogador amador de futebol que se gasta com um atleta da mesma modalidade que está numa escola visando uma carreira profissional. Da mesma forma percebe-se que a presença de um velejador numa prova implica muito mais do que ir de autocarro ou de comboio e levar um fato de banho.

Mas não vale a pena acusar a ANG de tirar o dinheiro ao Lusitano ou deste tirar à Casa do Avô, porque em casa onde não há pão todos ralham e ninguém tem razão. O dinheiro que devia servir para apoiar o concelho foi para o escritório do Morais Sarmento e para muitos outros bolsos, tantos que a dívida chegou aos 200 milhões e para a pagarem terão de vender Cacela a Tavira. A culpa de não haver dinheiro para o Lusitano ou para a columbofilia não é da ANG ou do ballet, a culpa é da forma como a São e o Luís esbanjaram dinheiro durante mais de dez anos.

EM VRSA real de Santo António há gente que foi beneficiada, mas não foram de certeza as associações desportivas.