A (DES)VANTAGEM DA OPACIDADE



Na Base Gov coloca-se o mínimo de informação, grandes propostas como os orçamentos são entregues aos vereadores da oposição dois dias antes da votação, documentos importantes como o relatório do FAM relativo a 2017 são mantidos em segredos, as auditorias internas que mandam fazer são escondidas. Os cidadãos que pedem pedem para consultar processos ao abrigo da lei de acesso aos documentos administrativos vêm os seus pedidos serem rejeitados uma boa parte das vezes.

Sem conhecimento do que se faz é difícil criticar, promover o debate entre ois munícipes. Só se sabe da autarquia o que os seus gestores acham que se pode saber ou que convém saber. Tem sido assim ao longo de mais de uma década, a opacidade sempre foi o recurso dos que receiam que a transparência lhes faça perder o poder. Não admira o nervosismo que parece ter atingido a autarquia, tal é o incómodo que parece provocar saber-se de um documento ou de uma proposta um ou dos dias antes de ir a discussão na sessão de câmara.

Alguém que de explicar aos nossos autarcas que uma CM não é propriamente uns serviços secretos, antes pelo contrário, quanto mais transparentes forem melhor as autarquias servem os seus concelhos, mais intervenientes se sentem os munícipes. Diz o ditado que quem não deve não teme, um ditado que lido ao contrário permite desconfiar de tanta opacidades, talvez esta não seja para que gente incompetente se sinta mais à vontade, tanta preocupação com o que sabe faz sugerir que têm receio de que saiba o que se faz ou o que se fez.

Têm razão para sentir esse receio pois neste último ano têm-se sabido de coisas que não são nada bonitas, e que nalguns casos suscitam muitas dúvidas sobre a forma como os negócios da autarquia são geridos. Talvez isso justifique um desespero que leva os autarcas a acusarem vereadores de serem mentores de páginas nas redes sociais, só porque estas parece estarem a incomodar mais do que aquilo a que estavam habituados.

Mas por maior que seja a opacidade há sempre algo que se diz e que não se devia ter dito, há sempre um olho vendo o que os autarcas fazem, há sempre um ouvido ouvindo o que eles dizem, uma câmara fotografando. A verdade é que não há nada neste concelho que não se saiba e quanto mais tentam esconder dos olhos do cidadão comum mais expostos vão ficando.

Quando a autarca tomou posse a SGU noticiava no seu site que a "autarca afirma compromisso com a «responsabilidade» [SGU] e pretende mandato baseado nos valores da solidariedade, desenvolvimento e transparência". Percebe-se agora qual era o desenvolvimento, a solidariedade e a transparência que prometia.