Recomendamos a todos que ouçam o podcast da reunião de Câmara do passado dia 18 antes que o ficheiro tenham algum problema e fique indisponível [Podcast]. Aqui ficam alguns comentários:
Linguagem de taberna
É lamentável que uma autarca que ainda há pouco tempo foi forçada a emitir um comunicado pedindo desculpa ao [Fam e ao] primeiro-ministro não tenha emenda e refira-se a um primeiro ministro a partir de uma posição institucional como presidente de uma autarquia, com uma terminologia digna da taberna do Bento Chibo. Parece que não sabe a diferença entre um jantar da confraria e uma reunião onde está em representação dos seus munícipes e fala do "Costa" como se estivesem a beber uma imperial com caracóis:
«Será que o agora primeiro-ministro, o António Costa saberia tudo o que o Eng. Sócrates fazia? (...) será que o Costa agiu da mesma forma que o eng. Sócrates?»
Com estes argumentos a autarca tentava passar a ideia de que ela está para o primeiro-ministro assim como o Luís Gomes está para o Sócrates, isto é, da mesma forma que António Costa não deu continuidade a Sócrates, também a nossa autarca não deu continuidade a Luís Gomes. Bem, não sabemos o que pensará o antecessor, (que agora anda a fotografar-se acompanhado porque sozinho não amedronta ninguém) por se ver equiparado a Sócrates enquanto a sucessora se acha um "Cosda", mas isso é problema deles e entre "marido e mulher" não se mete a colher.
Mas é um falso argumento, desde logo porque o agora primeiro-ministro não foi vice de Sócrates, nem assinou muitas adjudicações pelo primeiro-ministro. Em segundo lugar porque o Dr. António Costa nem sucedeu a Sócrates no cargo, nem foi escolhido por este para seu sucessor, nem se candidatou com o José Sócrates e com o lema "Agora É Costa" e muito menos está no cargo porque Sócrates tinha de fazer uma sabática depois de três mandatos. A tentativa de branqueamento das suas responsabilidades como vereadora de Luís Gomes e como braço direito do antecessor e padrinho político durante quatro anos foi desastrosa.
Enfim, aqueles que pensavam que ela ia falar mal do seu antecessor tiunhah, afinal, razão, a senhora enganou-se ao dizer que nunca o faria, Mas, enfim, Pedro também mentiu três vezes antes do galo cantar. Porque as mentiras podem continuar poorque em VRSA não há galos ou se há são mudos com medo de irem para a panela se abrirem o pio.
Falsas acusações a um deputado da oposição
Se a forma como se refere a um primeiro-ministro nos transporta de uma sessão de câmara para uma qualquer conversa de taberna, aqui a autarca foi mais longe e acusou formalmente o deputado António Murta, do Partido Socialista, de ter feito chegar documentos reservados ao Largo da Forca e que tinha ido lá ler tudo o que ia ser dito na reunião.
"Como é que os documentos todos, é assim, as respostas que aqui estão, eu até fui ver o Largo da Forca, o senhor fala em transparência e estes documentos todos já se encontram no Largo da Forca logo no fim de semana com respostas e tudo, portanto, olhe, eu fui lá ver a resposta que é para saber o que vocês diriam e não passa muito do que ali está na resposta.
Agora, fala-me o senhor de ética quando distribui estes todos antes de vir aqui à aprovação prós blogues e para o Largo da Forca . Portanto, como é que o senhor me pode falar de ética e democracia quando tem tudo isto já respostas e tudo antes de vir aqui à aprovação. Há aqui um dever de zelo, há aqui um dever de sigilo que os senhores não o estão a cumprir." [Podcast minuto 18]
É falso que o vereador tenha feito chegar quaisquer documento e que a presidente leu uns dias antes as respostas ou o quer que um vereador tenha dito na reunião.
Quando o vereador a informou de que iria dar instruções ao advogado para apresentar a queixa a presidente da autarquia ainda volta a mentir, dizendo que não se referia ao deputado em questão mas a "vocês", sem dizer se por vocês se entendia os vereadores do partido do vereador do partido António Murta ou a um outro qualquer grupo de pessoas no sentido abstrato. Mas tem azar ao voltar a mentir, o podcast prova que a presidente da autarquia se referia expressamente ao vereador António Murta. Este recuo só mostra que além da mentira na presidente da autarquia não parece abundar a vontade de assumir as suas próprias responsabilidades.
Os documentos são confidenciais?
Infelizmente, a tentativa da autarca para tornar o funcionamento da autarquia o mais opaco possível, chegando ao ponto de distribuir contas e orçamentos aos vereadores da oposição com dois ou três dias de antecedência, está a levar esta liderança a perder a lucidez. Não só nenhum dos documentos em causa é confidencia, como numa autarquia em que as sessões são à porta aberta será bom que os cidadãos fossem chamados a lê-lo e a presenciar os debates com conhecimento dos mesmos.
Se ao nível nível dos governos e dos parlamentos os projetos de diplomas ou as resoluções não são confidenciais que base legal invoca a presidente da autarquia para considerar confidenciais ou reservados os projetos de decisões do executivo camarário ou da Assembleia Municipal?
A verdade é que parece que se tem medo de que o povo saiba do que quer que seja três dias antes das reuniões dos órgãos comunitários, a paranóia é tanta que os vereadores decidem sobre a reabertura de contas da SGU e depois percebem que os resultados dessa reabertura estavam na gaveta e a liquidação da SGU mais do que decidida e programada.
Mas se a senhora presidente acha que pode tornar estes documentos então que tome uma decisão nesse sentido e passe a inscrever nos mesmos um carimbo de reservado ou confidencial! Pode ser que ouça uma gargalhada de VRSA a Valença.