UMA AUTARQUIA FALIDA



Ao contrário do que se possa pensar o FAM não salvou a autarquia nem lhe emprestou dinheiro para que possa aumentar a despesa. A autarquia continua sem dinheiro, proibida de recorrer ao crédito e a tendência é para que a situação se agrave. A tranche do FAM apenas permite fazer aquilo que se designa por consolidação da dívida, isto é, transformar dívida de curto e médio prazo em dívida a longo prazo, com uma redução dos juros.

Mas o relatório do FAM apesar de esconder a situação real da autarquia não esconde que de que as contas da autarquia em matéria de dívidas não é fiável. Aliás, da sua leitura conclui-se que quando a autarca declarou com grande solenidade que tinha sido apurada a dívida não estaria a falar verdade. Há muitos truques para esconder a dívida e a equipa formada pela dupla Luís Gomes e São Cabrita recorreram a eles de forma descontrolada e irresponsável.

À dívida assumida há que esconder os muitos milhões que os autarcas mandaram para contencioso, recorrendo depois a truques para que a mesma não dê lugar à constituição de provisões e desta forma desaparecer das contas da autarquia. O FAM sabe destes truques e faz de conta que os vê, como parece que também ainda não reparou na existência de uma SGU falida e com mais vacas encoiradas.

A autarca vai continuar a ter falsas surpresas, prendas de muitos milhões que ela sabe ou devia saber que estão escondidos em litígios contenciosos, em falsas divergências ou em faturas devolvidas sem grande fundamento. São muitos milhões de divergências com a dívida de dezenas de milhões à Águas de Portugal, os milhões recebidos por uma venda de terreno que não pertencia à autarquia para a construção de um hotel de Monte Gordo e muitas outras situações. Não é por acaso que mal tomou posse a autarca deu 500 mil euros ao advogado e vice-presidente do PSD Nuno Morais Sarmento.

O encerramento das Piscinas Municipais é um sinal do desespero financeiro de uma autarquia sem dinheiro que tenta salvar a todo o custo as mordomias dos avençados, fecham-se as portas para poupar em água e energia. Fecham-se infraestruturas básicas, deixa-se de pagar à Misericórdia e aos Bombeiros, já se passou a fase do corte para poupar, agora corta-se por falta de dinheiro por pagar.

Esta situação tenderá a agravar-se pois as contas caladas de forma manhosa vão continuar a aparecer, os processos judiciais vão sendo concluídos e  muito brevemente vamos conhecer toda a extensão dos podres escondidos na SGU, cuja dívida e despesas serão transferidas para a autarquia. A tendência é para o agravamento da situação em quaisquer melhoras na situação financeira da autarquia. Se agora e com toda a alegria em torno do relatório do FAM já lhes falta dinheiro para a água, a luz, os bombeiros, a Santa Casa e muitas outras coisas, não é difícil de adivinhar o que está para vir.