Desde que comemorado em democracia o Dia de Portugal sempre teve uma dimensão local, comemorado habitualmente fora de Lisboa acaba por funcionar como uma homenagem ao poder local, um dos principais pilares da democracia. Celebrar Portugal é celebrar as suas instituições democráticas e os alicerces da democracia.
Na base do progresso de um país em democracia está a vitalidade das suas instituições e a saúde destas é alimentada pela liberdade de expressão, a transparência das instituições e o funcionamento da justiça em defesa daqueles que não têm poder. Não basta à democracia ter bons políticos, é preciso que a justiça funcione e ajude o cidadão a assegurar o primado da legalidade.
Quando as instituições deixam de ser transparentes, quando tudo é feito em segredo e quando a perceção do cidadão comum é a de que a justiça está ao serviço da perseguição dos que opinam ou ousem criticar o poder, a crença na democracia diminui e a vontade de celebrar Portugal não encontra motivos numa dimensão local.
Apesar de todas as crises os portugueses têm motivos de orgulho do seu país, do seu passado, da sua capacidade de resistir a soluções populistas, da resposta que soube dar às crises. Neste sentido os vila-realenses têm motivos de orgulho no seu país.
Têm-no apesar de um ponto de vista local esse orgulho apenas se limitar ao cidadão comum e a alguns empresários que insistem em promover o desenvolvimento local sem se sujeitarem a ser sabujos, sem enriquecerem com adjudicações diretas. Infelizmente, enquanto o pais celebra os vila-realenses sente um sabor agridoce, temos motivos para afirmar Portugal, mas sentimos vergonha por muito do que vemos na nossa terrã.