A MENTIRA NA POLÍTICA



Podemos designar um político por mentiroso? Chamar mentiroso a um político enquanto cidadão é quetionável, podemos acusar o político de ter mentido e mesmo de ser mentiroso porque usa a mentira como forma de fazer política, mas tal como devemos deixar de fora a vida privada de um político também não será legítimo considerar que na sua vida privada esse político deve ser tratado como mentiroso, ainda que possamos dizer que não há duas pessoas distintas.

É difícil um político concluir um mandato sem que possa ser acusado de ter mentido. Em função das circunstâncias as prioridades podem mudar, podem surgir circunstâncias que obriguem a ignorar compromisso eleitorais, quatro anos em política é muito tempo, tanto para um primeiro-ministro como para um autarca. De um dia para o outro tudo pode alterar-se, forçando governantes e autarcas a dar o dito por não dito ou a esquecer as suas promessas mais honestas.

Mas nada disto sucedeu em VRSA, Conceição Cabrita conhecia a autarquia melhor do que ninguém, tinha sido o braço direito do antecessor, conheceu, ajudou a elaborar e aprovou todos os orçamentos e relatórios de contas. Poderá ter havido um ou outro compromisso financeiro assumido e que desconhecia, esses compromissos poderão ter agravado a situação financeira, mas estamos a falar de dívidas que representam uma percentagem não significativa no imenso buraco financeiro da autarquia.

Mesmo sabendo que a CM estava sob vigilância apertada do FAM, que já não tinha recursos financeiros e estava impedida de recorrer ao crédito, a então candidata São Cabrita prometeu mundos e fundos, num mega jantar com 1600 pessoas. Desde novos serviços de apoio ao emprego ou ao empreendedorismo e novas variantes da EN125 e até duas residências para estudantes, uma e Faro e outra em Lisboa. Se somarmos toda a obra do Luís Gomes e depois de 200 milhões de dívida, a então candidata prometia mais para estes quatro anos do que tudo o que tinha sido feito em 12! É óbvio que a candidata estava animada pelas grandes quantias de dinheiro de que dispunha para uma campanha endinheirada, onde se juntou 1600 para jantar, num concelho onde votam pouco mais de 10.000!

A autarca estava mentindo? É óbvio que mentia e que sabia muito bem que estava enganando os seus concidadãos e, em particular, aqueles que ingenuamente, estavam confiando nela. Alguns dos seus eleitores, como os avençados e outros oportunistas, sabiam da mentira, mas para esses o interesse do concelho pouco importava. Mas entre os outros, muitos desconheciam a dimensão do logro e que estavam caindo, muito dos que jantaram no campo do Lusitano naquela noite de 14 de setembro de 2017 sabem hoje que aquele jantar gratuito lhes ficou muito caro.