Quando Passos Coelho anunciou a chegada do diabo em Agosto de 2016 sabia do que estava falando. Ao decidir um forte aumento das taxas de retenção na fonte do IRS, antecipando as receitas desse imposto para 2016 e ao adiar centenas de milhões de reembolsos de IVA que deviam ter sido feitos em 2015, o então líder do PSD sabia que quando fossem feitas as contas dos reembolsos do IRS, o país teria de enfrentar um enorme desvio nas contas, que faria cair o governo. O buraco seria tornado público com a divulgação do relatório de execução orçamental de setembro.
Só que o Mário Centeno trocou as voltas ao diabo e Passos Coelho que tinha gozado umas longas férias, esperando que o mafarrico lhe devolvesse São Bento acabou por perder a jogada. Com ele perderam todos os que em 2016 não levaram muito a sério a perda do governo, convencidos de que tudo voltaria ao que era.
Se Passos tivesse regressado ao governo o nosso Luís Gomes contaria a serro vice-rei do Algarve e a APA ainda faria o que ele queria e a esta hora tudo estaria a funcionar na Praia do Caramelo e os quiosques em alvenaria na marginal de Monte Gordo já estariam inaugurados. Mas Passos Coelho não regressou, o Luís Gomes deixou de ser vice-rei do Algarve o homem do PSD de Faro sobrevive cravando avenças às autarquia geridas pelo partido.
Mas o diabo enganou-se no número da porta e em vez de ir à Rua da Imprensa à Estrela decidiu instalar-se na Praça Marquês de Pombal e foi o que se tem visto. O FAM pensava que ia ser fácil ajudar esta gente a manter-se no poder e agora arrisca-se afundar-se com o concelho que ajudaram a ficar ainda mais arruinado. A São que pensava inaugurar quiosques construídos à margem da lei foi obrigada a demoli-los e pelo caminho ainda tramaram quem lhes pagou um terreno que não podiam vender.
Se o diabo se tivesse ficado por Lisboa tudo se resolveria, mas o erro dos que confiaram em Passos vai sair-lhes caro, confiantes que poderiam gastar como se não existisse amanhã confronta-se agora com as consequências da sua irresponsabilidade e gerem um concelho insolvente ou quase insolvente. Veremos até quando a nossa terra recite evita ser notícia pela piores razões. Confiaram na salvação do diabo e transformaram a terra num inferno, levando o endividamento a níveis de insanidade mental.