Um dos dramas do Algarve tem sido a escolha de deputados que se sentem mais como caciques locais, uma espécie de pequeninos vice-reis da região, temos tido uma sucessão de “artistas” que mais do que servirem se têm servido. Cristóvão Norte, José Apolinário ou Carlos Barros são aquilo a que poderemos designar por farinha do mesmo saco.
No caso do Apolinário, um modesto licenciado em leis que à custa de ser algarvio descobriu que avocação pesqueira lhe proporcionaria cargos como presidente da DOCAPESCA ou secretário de Estado das Pescas, estamos perante um bom exemplo das más peças políticas que têm sido produzidas pelas jotas. O homem nunca mostrou grande coisa, limita-se a ser um enfeite da ministra do Mar (outra bela artista da vida algarvia), o cargo que conseguiu com votos nele foi o de presidente da CM de Faro, num momento em que ganhar ao PSD era fácil, mas logo de seguida os eleitores trocaram este croquete por um pastel de bacalhau.
O rapaz é tão bom na gestão das pescas que foi o escolhido por Passos Coelho para estar à frente dos destinos da DOCAPESCA, que é a empresa imobiliária que detém as melhores áreas disponíveis para construção em muitas cidades do litoral, como é o caso de Vila Real de Santo António. Disse o senhor que chegou lá por mérito, terá concorrido e foi a proposta da CRESAP. Acredita quem quiser, desde quando alguém que nunca geriu uma mercearia e sem qualquer formação em gestão seria o escolhido para gerir uma grande empresa?
Coincidência ou talvez não, nesse tempo o verdadeiro vice-rei do Algarve era o Luís Gomes, Home com uma boa relação com a agora ministra do Mar, a quem foram pagos a peso de ouro estudos da treta sobre questões de trânsito, na terra do país com menos engarrafamentos! Aliás, as relações com a Ana Paula Vitorino e alguns setores ligados a Sócrates são mais do que muitos e a agora ministra do Mar já o elogiou em público, ainda recentemente em Faro.
Coincidência ou talvez não, quando o Apolinário presidia aos destinos da DOCAPESCA, com Passos Coelho em primeiro-ministro e Luís Gomes vice-rei do Algarve, surgiram os grandiosos planos para a frente ribeirinha de Vila Real de Santo António, para não referir as visitas da ministra do Mar para se inteirar dos grandiosos planos para o cluster do Mar.
Coincidência ou talvez não, quando a ministra foi incomodada pelo Público a propósito das gorjetas que ganhou com os tais estudos quem veio a terreno em defesa da sua apoderada foi o tal José Apolinário. Fê-lo da forma mais miserável, sugerindo que militantes do seu partido de VRSA reagiam assim à humilhação das derrotas políticas infligidas por Luís Gomes. Ser mais miserável seria impossível.
Coincidência ou talvez não, poucos dias depois da notícia do Público o projeto do grande hotal da Muralha foi abandonado. Morreu o projeto da Dubai à beira do Guadiana, estava a tornar-se tóxico e o José Apolinário corria um sério risco de apanhar uma grande caganeira.
Esperemos que o PS tenha o bom senso de propor este senhor por outro circulo, talvez pelas Berlengas, aí os seus conhecimentos de direito, de pesca e de gestão empresarial poderão ser muito úteis. O Algarve merece muito melhor do que este senhor, ele que venha para Faro mostrar o que vale, agora que parece que o Bacalhau enfrenta problemas talvez se safe.