A MINISTRA DO FAROLIM



Com tanto bom porto onde ir mostrar a sua competência a ministra do Mar escolheu VRSA para dar o seu pobre contributo ao PS, mas não veio fazer nada, não veio ver nada, não veio inaugurar nada, veio almoçar, muito provavelmente com o pouco que resta na tesouraria da autarquia, talvez alguns trocos adiantados pela ESSE ou com as taxas dos feirantes do carrosséis.

Mas o que trouxe a distinta ministra mais o seu fiel escudeiro José Apolinário, uma espécie de cangalhada partidária formação nas jotas e que até hoje tem vivido do erário público por conta dos algarvios que votaram no PS, terão vindo fazer a terra tão distante, deixando os assuntos urgentes dos seus gabinetes e num dia de semana, gastando o dinheiro dos contribuintes com tão longa e cansativa viagem?

Desta vez não veio cumprimentar o seu aluno Luís Gomes, de quem disse recentemente que tinha ultrapassado a mestre, também não veio entregar qualquer estudo que a autarquia tenha encomendado à sua empresa. Veio fazer uma visita técnica e de caminho inaugurou uma grande obra pela qual o concelho lhe vai ficar eternamente grato, ele mais a sua protegida da autarquia pior gerida e mais falida do país. Isso mesmo, a ministra veio a VRSA de propósito para inaugurar um farolim. Um dia destes vou convidar o primeiro ministro a vir à minha casa inaugurar as novas pilhas do telecomando da televisão!

A ministra e a autarca ficaram bem na fotografia, a simetria é perfeita e compreende-se tanta simpatia por parte da ministra em relação a uma autarca que muito recentemente e depois de se ter reunido em Lisboa com os responsáveis do FAM declarou em sessão de câmara o seguinte:

“Relativamente a esta questão da SGU e do FAM, na semana passada estivemos lá, pedimos novamente a estes senhores que se deslocassem cá,  estão a ter uma grande pressão do PS para não nos ajudar, é importante também ouvirem isto, o governo está a ter uma grande pressão sobre estes senhores para que não nos seja facilitada a ajuda, isso era importante que os vereadores do PS conseguissem também dar uma ajuda neste sentido e se possível até, eu sei que já receberam várias cartas, o FAM disse que já receberam para responder dos vereadores, para responder a determinadas questões,  portanto, convidei-os novamente para virem cá e ter uma reunião convosco, até seria importante e perceber a volta que isto dá em termos políticos e como é importante muitas vezes ajudar umas câmaras e não ajudar outras.”  [Podcast da reunião de 2/04 minuto 35] 


Será que a ministra veio pedir desculpa à autarca pelas pressões do primeiro-ministro para prejudicar Vila Real de Santo António? 

Como parece ter dedicado a viagem à navegabilidade do Guadiana teria sido uma excelente oportunidade para inaugurar ou pelo menos Visitar o Centro de Interpretação do Guadiana, um projeto apresentado em Bruxelas para sacar umas centenas de milhares de euros de fundos comunitários, com que reconstrução a Alfândega, para depois entregarem o edifício a uma empresa privada, para aí instalar um bar e uma sala de fumo para charutos. Enfim, uma das muitas treta do nosso município, nada que a ministra estranhe pois recentemente o país ficou a saber que a própria tinha vindo-a a VRSA sacar 

Compreende-se que a ministra goste tanto dos autarcas do PSD que há muitos se entretèm a arruinar o concelho com estudos da treta:

“A Transnetwork, empresa criada em 2011 pela então deputada Ana Paula Vitorino, celebrou dois contratos por ajuste directo, em 2015 e 2017, com a Câmara de Vila Real de Santo António (VRSA). O primeiro só foi parcialmente cumprido e parcialmente pago. O segundo deu origem a três documentos, um dos quais se limita a reproduzir o relatório entregue dois anos antes. No total, a empresa da ministra facturou 55.820 euros ao município e à sua sociedade de gestão urbana (VRSA-SGU).

Luís Gomes, o anterior presidente da câmara e ex-líder do PSD Algarve, foi aluno de Ana Paula Vitorino no Instituto Superior Técnico, nos anos 90, e foi ele quem convidou a Transnetwork a trabalhar para a autarquia no final de 2014. Antes disso, explica o ex-autarca, a sua antiga professora já tinha prestado alguns serviços ao município por volta de 2010.” [Público]


Compreende-se que durante esta legislatura esta ministra venha tantas vezes a VRSA, para exibir-se ao lado dos autarcas locais, dando-lhes uma preciosa ajuda, aliás, como sucede com gente do ministério do seu marido. Um dia destes ainda se vão lembrar de fazer um mini conselho de ministros familiar nos Paços do Concelho da nossa terra.

As relações de Ana Paula Vitorino até deverão ser muito anteriores a este governo, Luís gomes o agora cantor cubano  da botinhas brancas contou com o elogio do governo de Sócrates para o seu grandioso projeto do Dubai à beira do Guadiana. É desse tempo um famoso vídeo da autarquia pago a peso de ouro à empresa de comunicação Duda Portugal, pertencente a um tal Duda que conduziu as campanhas de Lula da Silva.


Curiosamente, é desse tempo um grande projeto turístico em Cacela, o resort de luxo que teria por nome “quinta da Gafa Resort”, um projeto que traria um investimento 306 milhões de euros a fazer pela famosa Odebrecht! É uma pena que a ministra não tenha aproveitado a vinda em VRSA e em vez de ir dar uns tropeções na ponta do molho, não tenha aproveitado para visitar as maravilhas arquitetónicas e industriais lançadas pelo seu pupilo.

Até poderia ter ido ver a reparação do segundo cais que anunciou aquando da sua visita realizada em 2018, quando cá veio ver o resultado de outra grandiosa obra, a reparação do cais da alfândega. Mas ainda antes, em 2016, a zelosa ministra já tinha vindo para estas bandas.

Mas a mais divertida e inútil das visitas desta distinta ministra ocorreu em 2016, veio cá a convite do então autarca e seu aluno para se inteirar dos grandiosos projetos que iam ser lançados ou já estava em fase de lançamento. Eram 150 milhões de euros e envolviam um “conjunto de investimentos previstos para a requalificação da frente ribeirinha da cidade”.

«Depois de uma forte aposta na requalificação do seu centro histórico, a estratégia da autarquia passa agora pela abertura da cidade à economia do mar, potenciando não só a criação de um cluster vocacionado para a inovação e para a construção naval, mas também a exploração das suas potencialidades turísticas»,

Dizia o então presidente da autarquia e aluno brilhante da senhora ministra. Noventa milhões para o Passeio de Santo António, a reabilitação do porto comercial, a requalificação do Jardim Sul, a requalificação das antigas estruturas industriais e a recuperação da muralha. Incluía ainda a construção de um porto de recreio, a criação de uma unidade hoteleira, a conversão das antigas zonas industriais em habitação e a implementação de uma zona verde no passeio ribeirinho e mais a construção da futura marina da zona da Ponta da Areia, junto à foz do Rio Guadiana.

Enfim, e com tanta obra que lhe foi apresentada em 2016, numa viagem feita de propósito, mais uma vez na companhia do seu fiel escudeiro e cacique político do Algarve, veio fazer uma visita técnica e inaugurar uma ninharia de um farolim? A ministra não parece ter a noção do ridículo.

Mas há um projeto que na ocasião lhe foi apresentado que deve ser recordado:

“Destas iniciativas faz parte a reabilitação do antigo porto comercial de VRSA, uma área de 7 hectares para onde está prevista a construção de duas unidades hoteleiras, um centro de congressos e uma clínica. A intervenção está avaliada em 20 milhões de euros e contempla a recuperação da zona da muralha (passeio ribeirinho) e do cais de embarque da cidade.”  [CM VRSA]

Este projeto é muito interessante e valse a pena ser recordado porque tinha sido lançado pela DOCAPESCA, durante o governo de Passos Coelho. Acontece que, coincidência da coincidências, uns dias depois da notícia do Público sobre o estudo pago a peso de outro pelo concelho mais arruinado deste país à deputada mais bem sucedida do parlamento, a DOCAPESCA emitiu um comunicado muito discreto onde se anunciava que o projeto tinha sido abandonado. Antes disso já a empresa a concessionária tinha sido apanhada nas malhas dos Panamá Papers.

Mais uma daquelas coincidência, quem é que Passos Coelho tinha colocado à frente da DOCAPESCA? Pois, numa escolha em que certamente o Luís Gomes não esteve envolvido, o presidente escolhido por Passos Coelho para esta grande empresa tinha sido nada mais, nada menos o fiel escudeiro, esse grande gestor empresarial que se dá pelo nome de José Apolinário. Líder da jota, autarca, escudeiro da ministra, secretário de Estado e gestor, um homem muito polivalente.

É com esta tralha que António Costa pretende conquistar os votos dos algarvios e, em particular, dos vila-realenses? Esperemos que não faça escolhas desastrosas como esta em muitos distritos, sob pena de comprometer os resultados. É triste assistirmos a tudo isto e muito mais na terra do melhor ministro deste governo, é de ir a vómitos vermos gente que não vale nada a pavonear-se pelo Algarve à custa do trabalho e valor alheios. Talvez por isso os militantes algarvios do PS só muito em cima da hora foram informado que a vedeta no encontro de Portimão era a ministra mais o seu fiel escudeiro.

Por fim, queremos dedicar à senhora ministra o último videoclip do seu aluno, até pode dar um momento de dança no intervalo do próximo mini conselho de ministros d~familiar: