AS RELAÇÕES "ABSURDAS" DE LUÍS GOMES




Se Luís Gomes, o conhecido cantor local que canta de botinhas brancas, fosse da ala esquerda de um PSD que Pacheco Pereira insiste em dizer que e um partido de esquerda, poder-se-ia compreender as relações que o ex-autarca manteve com o regime cubano e com o PCP de Vila Real de Santo António.

Foi maias, muito mais do que uma mera geringonça de ocasião, como a que uniu o PCP e o PSD nalgumas autarquia, a começar pela emblemática autarquia de Loures. As relações aqui foram bem mais longe e aquilo que parece ter sido um divórcio mal explicado, poderá não ter passado de um arrufo de namorados. A verdade é que apesar da mudança de um vereador do PCP para o PSD, assegurando a Luís Gomes uma maioria absoluta que lhe abriu as portas dos cofres camarários, nunca foi bem explicada.

Aliás, apesar dessa suposta “traição” o PCP nunca fez uma oposição muito consistente e durante os três mandatos o ex-autarca teve vários gestos simpáticos, ao mesmo tempo que quase se assumia como um embaixador de Cuba na Europa. Como poderia o PCP fazer uma oposição ao autarca que fazia jorrar divisas para Cuba e que instalava em VRSA os coronéis da famosa fundação José Marti. A presença de Cuba na cidade internacional das Festas do Avante era uma casa de bonecas se comparada com a imensa delegação cubana instalada em VRSA.

Qual o preço a suportar pelo PCP destas relações com Cuba que foram tão acarinhadas por Luís Gomes e que Cuba não se cansou de retribuir com honrarias oficiais e manifestações de gratidão?

Ainda hoje os gestos contra a liderança da autarquia não parece passarem de meros arrufos e para qualquer vila-realenses é mais do que evidente que o ódio ao Murta e ao PS, apesar do ex-autarca se um defunto político, ainda que se tenham esquecido de o enterrar e do namoro da Geringonça, é bem maior do que a aversão a Luís Gomes.

A ajuda financeira de Luís Gomes para com o regime cubano ocorreu no momento mais difícil daquele regime, depois do fim da ex-URSS e numa altura em que o regime enfrentava uma forte carência de divisas. Cada euro que Cuba conseguiu em VRSA ajudou o regime, não sendo de admirar as homenagens, medalhas e a chave da cidade de Havana concedida ao ex-autarca. Não é qualquer personalidade que merece o reconhecimento de um embaixador que na hora da despedida faz 300 km para vir a VRSA despedir-se de um autarca. Quase apostamos que não andou um quarteirão mais para cumprimentar o José Cruz e o mais certo é que nem mesmo o líder do PCP mereceu tal deslocação, ainda que a Soeiro Pereira Gomes fique bem mais perto da embaixada.

Esta estratégia de Luís Gomes permitiu fazer o trespasse de famílias inteiras de militantes do PCP, reduzir este partido a metade e criar condições para se eternizar no poder, impondo em VRSA um regime de total asfixia democrática e de pressão e perseguição a tudo o que cheirasse a oposição. Até há suspeitas de que tenha contado com a assistência técnica dos coronéis cubanos.

De que forma estas relações absurdas condicionaram a relação do PCP local e nacional com Luís Gomes e mesmo com a sua sucessora? É uma resposta sem a qual nunca perceberemos muito bem o que é ser oposição na autarquia de VRSA.