Alguns autarcas julgam-se no direito de gastarem os
dinheiros da autarquia da forma que bem entendem, como se a sua legitimidade
política legitimasse toda e qualquer despesa, principalmente os gestos de
generosidade que a coberto de supostas boas intenções não passam de truques
eleitoralistas. Recentemente a IGF levantou a questão em relação a prendas que
eram dadas no Município de Almada.
Aquela autarquia decidiu passar a dar brindes, bons
smartphones ou relógios, a funcionários que completavam 25 de anos de serviço. Um
gesto bonito que era retribuído com simpatia e gratidão, a mesma simpatia e
gratidão que marca a relação entre muitos funcionários autárquicos e os seus
autarca em muitas terras do nosso país.
Seria bonito se a família dos Ciprianos, gente abastada da
nossa terra, se lembrasse de oferecer um cabaz de Natal aos ou a alguns
funcionários da autarquia, só lhes ficava bem. Mas o que não podem é montar
grandes encenações, com direito a preocupações de vídeo onde todos os
funcionários aparecem a organizar os cabazes de Natal, como se fosse uma mega
operação de uma ONG. Note-se que a decisão de compra dos cabazes nem sequer foi a sessão de câmara.
Outro bom exemplo de uma despesa que dificilmente se aceita
como sendo uma despesa pública foi o dinheiro gasto pela CM na produção de um
filme, que recentemente chegou aos ecrãs. O filme “As horas de luz” foi
filmado em VRSA para contar a história das operações às Cataratas e visava o
culto da personalidade do autarca que agora canta calçando botinhas brancas.
O momento mais alto era o aparecimento de um conhecido
construtor falido que de assessor da autarquia passou artista de cinema,
aparecendo a entrevistar o agora cantor de festas e festarolas. É mais do que
óbvio que o filme foi produzido para promover a imagem do ex-autarca, mas os
tempos são outros e o cantor absteve-se de aparecer, a autarquia nem se deu ao
trabalho de exibir o filme.
Porquê? Porque os responsáveis da autarquia sabem que o financiamento
foi feito de forma duvidosa, muito provavelmente não existe qualquer contrato e
os pagamentos era feitos aos bochechos e à boca do cofre para que ninguém soubesse
do que se estava a passar. É mais do que óbvio que há um sério risco de vierem
ser os responsáveis a pagar a despesa do seu bolso.
São dois exemplos de como alguns autarcas gerem os dinheiros
dos contribuintes para promoverem a sua imagem e ignorando que estes recursos
se destinam a fins públicos.