No regime do Luís Gomes algumas personagens
especializaram-se em determinadas áreas, a começar pelo próprio autarca, que
agora usa botinhas brancas para cantar, que se armou num Marquês de Pombal
modernizador, que deixou obra por todo o lado, desde a maior unidade algarvia
de cuidados continuados ao moderno hotel da Muralha. O botiquense especializou-se
na cultura, era um verdadeiro mecenas a promover livros e a comprar obras de
arte.
A nossa São, a “agora é São” não se cansa de chamar a si o
estatuto de alguém com grandes preocupações sociais, repetindo até à exaustão
que sempre teve esta pasta, como se nada tivesse que ver com as outras e neste
capítulo a gestão tenha sido uma maravilha. A verdade é que em VRSA nunca houve
uma política social e a prova disso é que a pobreza nunca diminuiu, antes pelo
contrário, aumentou.
Em vez de uma política social aquilo a que assistimos foi ao
aproveitamento da pobreza, à manipulação dos pobres com vista a conseguir
votos, os pobres foram utilizados para os ajudar a manter-se no poder, podendo
usar os recursos financeiros da autarquia, como se fosse uma manjedoura de uma
pequena manada de vacas bem nutridas.
Com a falência da autarquia a realidade é deprimente, a
manita da confrade amiga está falida e esperemos que seja investigada quer nas
suas relações com a autarquia, como na relações com o Instituto do Emprego e da
Formação Profissional e com a Segurança Social. Sem recursos para acorrer às
obrigações tem muita gente que não recebe o que lhes ´+e devido. Diz-nos uma
voz amiga que só estão pagando aos amigos, chamam-nos às escondidas para lhes
dar o dinheiro e pedem para seja mantido segredo. Isto é, pagam com meses de
atraso e quem recebe ainda lhes fica com uma dívida de gratidão.
Sem que tivesse sido tornado público nos órgãos municipais a
autarquia decidiu atualizar as rendas das habitações sociais, outro terreno que
foi fértil nos jogos eleitorais. Desta forma há rendas a sofrerem aumentos
brutais e se alguns as podem pagar e ainda agradecem o fato de se terem
esquecido das atualizações em anos anteriores, há situações verdadeiramente
dramáticas, com gente sem recursos e doente a enfrentar aumentos brutais. Um
exemplo de carta enviada pela São:
«O abrigo do Novo Regime de Arrendamento Apoiado para Habitação aprovado pela
Lei n.º 81/2014 de 19 de dezembro (…) procedeu-se à atualização da renda do
fogo de habitação social que habita.
Assim, por despacho datado de 27/09/2019, a renda da
habitação passará a assumir o valor de 88,57 €/mensais, a qual estará em vigor
a partir de 1 de janeiro de 2010.
Reforça-se, ainda, que a “prestação de falsas declarações
por qualquer elementos do agregado familiar, de forma expressa ou por omissão,
sobre os rendimentos ou sobre factos e requisitos determinantes para o acesso
ou manutenção do arrendamento” constitui fundamento para resolução do contrato
de arrendamento conforme (…).
Com os melhores cumprimentos.
A Presidente da Câmara Municipal,
Maria da Conceição Cipriano Cabrita»
Invoca-se um novo regime que já tem cinco anos (!) para
passar a ideia de que de repente algo mudou contra a vontade da autarca. Porque
motivo só se lembraram agora? Muito provavelmente porque precisam de recitas
para compensar o que esbanjaram e para poderem pagar aos teólogos do regime.
Desta forma recorre-se à sonsice para dar ares de se estar contra a vontade,
sugerindo-se que a culpa é do governo.
No caso a que se refere a carta a renda era de 40€, isto é,
regista-se um aumento superior a 120%. Temos registos de situações ainda mais
graves, bem como de vários casos de doentes oncológicos ou de cidadãos portadores
de deficiência que foram sujeitos a aumentos igualmente brutais. É desta forma
que a agora é São tem grandes preocupações sociais.
Não há nada mais execrável num político do que ver gente
ambiciosa usar a pobreza em proveito próprio, atuando com vista à obtenção de
votos.