Anda por aí algum burburinho porque alguns deputados do PS
decidiram tornar público o seu desacordo em relação ao aumento da taxa do IVA nos
espetáculos tauromáquicos, uma proposta que em nada altera a qualidade de vida
dos touros, tornando apenas o seu sacrifício um pouco mais caro para os seus
apreciadores.
O mais lamentável não está no fato de alguns deputados terem
ousado assumir a sua posição em relação a uma questão tão pouco importante,
ainda que muito fraturante quer para os defensores dos animais, como para
deputados e autarcas das zonas onde o espetáculo ainda se realiza, como se viu
na pequena guerra civil ocorrida ali para os lados de Barranco.
O mais preocupante está no silêncio dos deputados,
principalmente os das maiorias, esta ou das que a antecederam, quando está em
causa a defesa dos interesses das suas terras e estes são olimpicamente ignorados
ou desprezados pelos governos que apoiam. Para falar em termos taurinos em
matéria de touradas políticas o que mais nos preocupa é mais as chocas do que
os touros.
Algum deputado da maioria defendeu publicamente a construção
de um novo Hospital do Algarve? Duvido muito que o tenham feito em privado e em
público aquilo a que assistimos foi a tentativas de iludir os algarvios com falsas
agendas e promessas de construção.
É difícil de entender que os deputados que representa as
regiões rurais do Baixo Guadiana e que são muito provavelmente as mais ignoradas
ao longo de décadas pelo Sistema Nacional de Saúde, não tenham a coragem de
fazer o mais pequeno protesto por esta situação, já que é óbvio e notório que apesar
de serem tanto e um deles ser a secretária de Estado Adjunta da Saúde.
Como é possível que o governo tenha negociado um hospital para
a Madeira com os deputados do PSD daquela região e os que representam o Algarve
se tenham ficado por intervenção de pura graxa ao poder. É por estas e por
outras que são cada vez mais os que engrossam a abstenção. Discutem-se os
touros, faz-se chacota com o IVA da eletricidade, embrulha-se o Metro do Rato,
mas os cidadãos que vivem das nossas aldeias que se danem, podem muito bem
continuar a morre de uma coisa.