LARGO DA FORCA
Desde há algum tempo que de vez em quando somos confrontados com a velha história com que as nossas avós nos tentavam adormecer, ameaçando-nos com a vinda do papão.
Como tal, antes da sua chegada iminente, para evitar males que só a fértil imaginação de uma criança pode antecipar, a lenga-lenga cantada induzia-nos a pensar que o melhor mesmo seria estarmos já a dormir!
A questão que se coloca a quem propaga a notícia, depois de tantas maldades feitas à nossa terra e à nossa gente, dos abracinhos e dos saltinhos, das palmadinhas nas costas e dos muitos beijinhos, de uma dura realidade que se apresenta na forma de ruína e dívida monstruosa, é: o papão que se anuncia é o mesmo que por aqui andou?
Mesmo que esse papão não tenha vergonha na cara e insista em querer continuar a atormentar as pessoas, recusando-nos nós a adormecer com cantigas, quem hoje em dia tem medo do papão?
E será quie o papão ainda não papou tudo durante os 12 anos em que o aturámos?
