CACIQUISMO




Incomodado com a insistência de muitas vozes que exigem a sua demissão, o presidente da CM de Borba inventou uma qualquer desculpa para convocar a comunicação social e dar uma pequena conferência de imprensa, em plena rua em frente ao município. Até aqui tudo bem, mas percebeu-se que atrás dele estava uma vasta assistência, que se percebeu serem funcionários do município, que se dirigiram para o edifício quando a encenação foi dada por terminada.

É óbvio que o autarca não se vai demitir, não vai querer assumir quaisquer responsabilidades e sabe que perante processos judiciais é preferível estar no exercício de funções e usar o dinheiro da autarquia para suportar todos os custos, do que demitir-se e ficar por conta própria. Enfim, nos termos da lei está no seu direito.

O que não faz sentido é que durante o horário de trabalho funcionários do Estado, pagos por impostos para estarem ao serviço da coisa pública, sejam mobilizados para encenações montadas pelo autarca. O normal seria o autarca dar a cara sem encenações de apoio coletivo, dispensando os funcionários do papel de “carpideiras”. Isto mostra como funciona o caciquismo.

A distância entre funcionários e autarcas é tão pequena que  uns dependem tanto dos outros, que sabem que ou fazem tudo o que eles querem ou vão perder no dia a dia, seja em promoções, avaliações, ajudas de custo, horas extraordinárias, condições de trabalho, ambiente e tudo o que facilmente um autarca sem escrúpulos pode usar para pressionar um funcionário que em limite até pode ser despedido na sequência de um processo disciplinar aberto por dá cá aquela palha.

Daqui a vermos os funcionários das autarquias e das empresas municipais a servirem de tropa de choque de autarcas sem escrúpulos vai um pequeno passo. A seguir seguem-se as arruadas e os jantares nas campanhas eleitorais, os likes no Facebook, uns apoiam de forma militante e os que “são do contra” são “convidados” a não fazerem política. Muitas autarquias são pequenas ditaduras onde só os do partido do autarca, os beneficiados pelo “amo” têm direito a respirar, os outros são remetidos ao silêncio e sabem que basta opinarem para que um qualquer vigilante saiba e e vá "bufar" os que ouviu, isso se a ameaça não for feita no Facebook.