Em 2017, ano das eleições autárquicas, já a autarquia de
Vila Real de Santo António estava sob um programa de ajustamento do Fundo de
Apoio Municipal, aliás, ia no segundo ano de intervenção. Apesar disso os
autarcas beneficiaram da tolerância daquele fundo e comportaram-se de forma
irresponsável, agravando a situação financeira do concelho. O importante era “saber
ganhar” pouco importando o futuro do concelho e o FAM parece ter sido conivente
com esta irresponsabilidade, ao nada fazer para impedir o desvario financeiro.
O desvario foi tal que a autarquia decidiu reduzir a taxa de
IMI, quando esta tem um limite superior maior para os concelhos sob
intervenção, limite máximo que agora vai se aplicado para 2019. Luís Gomes e
São Cabrita sabiam muito bem que a sua vitória eleitoral iria custar a ruína do
concelho, mas já tinham a solução na manga, pediriam ao FAM que a austeridade
prevista para vinte anos passaria para trinta anos.
A atual presidente da autarquia sabia muito bem com o que
estava a colabora, como ela própria afirmou numa reunião da Assembleia
Municipal soube ganhar as eleições. Sou ganhar e ganhou, para agora apresentar
toas as exigências do FAM como as suas ideias brilhantes de gestão financeira.
A lei prevê sanções para esta irresponsabilidade mas, incompreensivelmente
o FAM parece ignorar a sua própria lei, favorecendo politicamente uma autarca
que em condições normais já poderia ter sido demitida e responsabilizada financeiramente
pelo descalabro. Talvez um dia destes os membros da Comissão Executiva do FAM
venham a ter de explicar porque motivo são tão generosos com gente que se
comportou de forma tão irresponsável.
A autarquia de Vila Real de Santo António está arruinada, os
bairros sociais estão à venda, os rendimentos dos trabalhadores da autarquia
sofreram rudes cortes depois de uma década de abundância, as coletividades foram
abandonadas à sua sorte e até a corporação de bombeiros depende das ajudas
vindas de Castro Marim. Há um sério risco de o concelho se desintegrar, tal é o
estado de abandono a que as suas freguesias estão votadas.
É preciso salvar Vila Real de Santo António enquanto
concelho e isso passa por uma gestão honesta, rigorosa e competente da
autarquia.