PEQUENAS COISAS




Gerir uma autarquia não é apenas anunciar obras grandiosas, contratar avençados, inaugurar passadiços, fazer adjudicações milionárias ao advogado que é vice do partido. É fácil fazer contratos generosos e promover grandes obras, havendo dinheiro para gastar é uma questão de umas assinaturas e pagar.

Mas um concelho exige mais do que isso, exige, por exemplo, pensar em estratégias de desenvolvimento para o futuro e isso é muito mais do que belas ideias, como a do cluster do Mar. É fácil gastar centenas de milhares de euros, apresentar a ideias a governantes conhecidos dos tempos da universidade. O difícil é concretizar, passadas as feiras do imobiliário e as visitas governamentais a imagem do Dubai à beira do Guadiana cedeu a vez à realidade, da passagem de linha ao Lazareto a frente ribeirinha dá uma imagem miserável da sede do concelho.

Hoje o concelho de VRSA e, em particular, a sua sede de concelho começa a fazer lembrar as velhas cidades mineiras que foram abandonadas quando se esgotaram os filões, reconhecem-se os sinais da grandiosidade doo passado, mas tudo o resto é ruína desses tempos de grandeza. Aqui ou acolá ainda sobrevive uma grande obra, mas todos sabemos que sem dinheiro para as manter uma atrás da obra vão entrar em decadência.

Sobram as pequenas coisas que podem ser feitas mesmo sem dinheiro, não há dinheiro para grandes obras, mas certamente há recursos para assegurar que o mosaico em falta na Avenida seja reparado, que o canteiro do jardim seja regado, que as baratas sejam eliminadas, que o sinal degradado seja substituído. Pode não haver dinheiro para mais grandes obras ou para anunciar projetos maravilhosos, pode até nem haver ideias para o futuro, mas poderia sobrar alguma competência e amor à terra.

Para que um pequeno jardim seja mantido limpo, para que não surjam buracos na Avenida, para que as flores de Monte Gordo sejam mantidas frescas, para que haja um sentido de dignidade na terra não é preciso muito dinheiro, amigos poderosos e nem sequer muita competência, basta amor à terra que se governa.