AJUSTAMENTOS



Há quem queira confundir o memorando assinado com a Troika com o corte radical nas disponibilidades financeiras da autarquia, passando a ideia de que com o “ajustamento” trará crescimento e progresso económico, tal como sucedeu com o país. Estamos perante mais uma das habituais mentirinhas sonsas a que estamos a ficar habituados.

Não há qualquer relação entre o memorando assinado com a Troika e o Programa de Ajustamento Municipal acordado com o Fundo de Apoio Municipal, da mesma forma que não se pode confundir uma política económica nacional com a gestão de um orçamento municipal.

O memorando com a Troika não se esgotava na ajuda financeira, ia muito mais além no que se refere à competitividade da economia. A política económica tem um conjunto de variáveis e um impacto que a gestão de um município não tem. O FAM mais o seu contabilista de Borba não têm a mais pequena preocupação com o bem-estar dos vila-realenses, com o futuro das suas atividades económicos ou com a competitividade do concelho.

Se após o ajustamento decorrendo do memorando com a Troika a economia portuguesa reagiu com crescimento económico, com o concelho nada disso sucederá. Nenhum fator de produção será mais barato, as empresas do concelho estão sendo sobrecarregadas com taxas mais elevadas, inspeções que visam multas, taxas turísticas, água mais cara e menos compras do Estado a nível local.

Dizer que 2019 é um ano difícil e que graças a um “ajustamento” não passa de uma mentira sonsa, a austeridade deste ano repetir-se-á por muitos anos, os custos no concelho são superiores aos dos concelhos vizinhos, os incentivos dados no nosso concelho à fixação de investimentos são menores aos que os investidores encontram em Castro Marim, Tavira ou Olhão.

Nada do que está sendo feito foi minimamente pensado e muito menos decidido a pensar no bem dos vila-realenses. A maioria das medidas, incluindo a nomeação do contabilista de Borba, foram impostas sob chantagem, ou eram adotadas no prazo fixado ou era desencadeado um processo que levaria à demissão da autarca e à aplicação de pesadas multas aos responsáveis da Câmara Municipal.