Pode ser tão fácil atrais empresas como atrair formigas, basta abrir a tampa a um ponte de mel que elas aparecem. Quando avaliam um investimento as empresas decidem em função da rentabilidade. É normal que os poderes públicos usem recursos do Estado sob as mais diversas formas para atrair empresas, mas essa estratégia de promoção do investimento é cada vez mais posta em causa.
Se uma autarquia cofinancia de forma direta ou indireta um investimento e essa ajuda é superior À oferecida por um concelho concorrente é natural que a empresa interessada escolha a localização onde poderá obter mais lucros. Na prática as empresas encontram um sócio que financia o investimento e abdica do capital que investiu.
Esta estratégia que dominou as últimas décadas, com estados e autarquia a promover a concorrência desleal à custa de fundos públicos, é condenada por muitos economistas. Na verdade acaba por não atrair investimentos competitivos e são muitos os casos de empresas que partem mal deixam de beneficiar das vantagens.
Quem não investiria num hotel sem ter de construir três edifícios, dois deles históricos e outro à beira da foz de um rio, tendo como parceiro uma autarquia e fundos públicos que investem a maior parte do capital, para no fim ficar a gerir todo este património conseguido a custo zero e a troco de uma renda quase simbólica que muito provavelmente não será paga, como parece suceder com a empresa do estacionamento?
Do Hotel Guadiana nem vale a pena falar pois chamar investidor ao parceiro que a autarquia arranjou de forma muito original é um exercício de criatividade. Quando à pensão a que o Grupo Pestana chama pomposamente de Pousada a situação está na mesma linha, ainda que neste caso o parceiro dê maiores garantias de credibilidade e o seu investimento seja maior.
A verdade é que estes “investimentos” apenas se realizam graças à forte subsidiação por parte da autarquia e sem que haja garantias de que daqui a dois ou três anos estejam em funcionamento. Aliás no caso do Hotel Guadiana já começa a haver motivos para se recear que algo corre mal.
Estes investimentos não evidenciam qualquer vantagem comparativa do concelho que tenha levado os investidores a apostar nele, estes limitaram-se a aproveitar os dinheiros públicos dados por um concelho arruinado. Investe-se o que se tem e o que não se tem em dois pequenos hotéis e deixa-se uma empresa que apostou na rentabilização da Praia dos Três Pauzinhos sem esgotos, energia, eletricidade e telecomunicações. Paga-se a uns para virem e enterram-se os que confiaram no concelho. Dá-se «dinheiro aos de foram e lixam-se os da terra.